Sob tensão pela sessão do Supremo Tribunal Federal (STF) que analisa o pedido de habeas corpus do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Ibovespa operou em baixa e mais volátil no pregão de ontem. A queda, entretanto, foi limitada pelo fortalecimento dos mercados acionários norte-americanos, que inverteram a trajetória e passaram à valorização na segunda etapa do dia.
Assim, o fator externo se sobrepôs ao sentimento de cautela dos investidores por aqui e ajudou o índice à vista a voltar ao patamar dos 84 mil pontos, perdidos na primeira parte da sessão de negócios. O Ibovespa fechou em queda de 0,31%, aos 84.359 pontos.
O giro financeiro da sessão foi de R$ 9,083 bilhões, considerado baixo e uma indicação de acautelamento que, segundo analistas, se fez mais presente de segunda-feira para cá. O volume é bem abaixo da média diária do ano, que está em R$ 11 bilhões.
A volatilidade aumentou em relação ao pregão de terça-feira. O Ibovespa oscilou quase 1.800 pontos, entre a mínima de 82.826 e a máxima de 84.610 pontos.
A bolsa abriu o dia em forte queda com o mau humor dos mercados acionários externos, que reagiam a um novo capítulo da disputa comercial entre Estados Unidos e China, com o governo de Pequim anunciando sobretaxas para mais de 100 produtos norte-americanos, de soja a aviões. O presidente dos EUA, Donald Trump, prometeu barreiras em produtos avaliados em US$ 50 bilhões numa lista que inclui 1,3 mil linhas tarifárias, principalmente no setor de alta tecnologia.
Porém, à tarde, os mercados acionários norte-americanos apagaram parte das perdas vistas no início do pregão, apoiados por ações de companhias de tecnologia, que renovaram sucessivas máximas, deixando de lado a maré de baixa vista nos últimos dias. A partir dessa evolução externa, o Ibovespa foi reduzindo seu ritmo de queda.
O compasso de espera dos investidores pelo desfecho do julgamento do habeas corpus do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu o tom dos negócios no mercado de câmbio brasileiro, como já era esperado. Mas a expectativa não chegou a gerar estresse nas cotações do dólar, que oscilaram próximas da estabilidade durante quase todo o período da tarde, enquanto os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) proferiam seus primeiros votos. Ao final da sessão no mercado à vista, a divisa ficou em R$ 3,3402, em alta de 0,04%.
Pela manhã, um movimento de busca por posições defensivas levou o dólar à máxima de R$ 3,3682 ( 0,88%). Naquele período, estimulavam as ordens de compra não apenas os temores quanto ao resultado do julgamento do recurso de Lula, mas também a possibilidade de uma guerra comercial entre Estados Unidos e China. O governo chinês divulgou ontem uma lista com mais de 100 itens norte-americanos, avaliados em US$ 50 bilhões, que podem ser alvos de sobretaxação na importação. Horas antes, os EUA haviam detalhado medidas no mesmo montante contra a China, com o argumento do roubo de propriedade intelectual.