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DIREITOS HUMANOS

- Publicada em 02 de Outubro de 2013 às 00:00

‘Não existe justiça maior do que a liberdade’


FREDY VIEIRA/JC
Jornal do Comércio
A retomada da paz no Timor Leste, após mais de duas décadas sob o domínio da Indonésia, foi conseguida quando o país decidiu que a Justiça poderia esperar. Na manhã de ontem, após receber o título de doutor honoris causa das mãos do reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Carlos Alexandre Netto, o ex-presidente e Nobel da Paz José Manuel Ramos-Horta contou como a jovem democracia timorense foi construída. De acordo com ele, quando a independência foi decretada, em 1999, a capital, Díli, estava com 80% de suas estruturas destruídas.
A retomada da paz no Timor Leste, após mais de duas décadas sob o domínio da Indonésia, foi conseguida quando o país decidiu que a Justiça poderia esperar. Na manhã de ontem, após receber o título de doutor honoris causa das mãos do reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Carlos Alexandre Netto, o ex-presidente e Nobel da Paz José Manuel Ramos-Horta contou como a jovem democracia timorense foi construída. De acordo com ele, quando a independência foi decretada, em 1999, a capital, Díli, estava com 80% de suas estruturas destruídas.
“Para conseguir a paz é preciso lutar com convicção, pragmatismo e paciência, tentando educar o outro lado. Decidimos que a Justiça poderia ficar para mais tarde. Naquele momento, era preciso sanar as feridas, chorar os mortos e cuidar dos jovens”, observou.
Após a intervenção da Organização das Nações Unidas (ONU) para a libertação do país, que estava tomado pelas milícias indonésias, foi preciso instaurar um processo de transição entre a destruição e o renascimento. “Para esta sociedade traumatizada por anos de conflito, não queríamos um representante que fosse um burocrata frio. Precisávamos de um humanista. Então, a ONU designou o brasileiro Sérgio Vieira de Mello, que atuou durante dois anos como administrador da transição para o estado democrático”, explicou.
Entretanto, o período foi muito curto para que mudanças concretas conseguissem ser feitas. Segundo o jurista, o Estado só existia na constituição. Em 2002, Xanana Gusmão, líder da resistência timorense, se tornou o primeiro presidente do Timor Leste e iniciou o processo de reconciliação com a Indonésia. Hoje, a relação entre os dois países é amistosa.
De acordo com Ramos-Horta, que foi primeiro-ministro, ministro da Defesa e, posteriormente, presidente (de 2007 a 2012), foi criada uma comissão entre o Timor Leste e a Indonésia para apurar a verdade sobre os anos de conflito. “Crimes foram cometidos. Porém, quando lutamos pela paz e pelos direitos humanos, é preciso utilizar mais a inteligência e saber quando recuar”, afirmou.
Em seu último discurso como presidente, Ramos-Horta lembrou que nunca se deve humilhar um adversário. “Se ele está de joelhos, segura em sua mão e o abraça. Essa tem sido a minha prática. Digo e repito que não existe justiça maior do que a liberdade. Em 1999, recebemos a liberdade pela qual lutamos e morremos”, ressaltou.
Hoje, segundo ele, o país conseguiu reduzir consideravelmente a mortalidade infantil e aumentar a escolaridade da população. Além disso, possui um considerável fundo de petróleo, que financia o desenvolvimento.
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