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SAÚDE

- Publicada em 07 de Maio de 2013 às 00:00

Filhos de vítimas fatais querem respostas do GHC


JOÃO MATTOS/JC
Jornal do Comércio
Rossele Zuco, 37 anos, e Matheus Azevedo, 24, não tinham nada em comum até o mês passado, quando suas mães faleceram na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Hospital Nossa Senhora da Conceição, em Porto Alegre. Atualmente, ambos estão tentando obter informações sobre as causas das mortes. Durante o período de internação das duas, eles receberam explicações médicas muito parecidas e exclusivamente de forma verbal. Preocupados com a epidemia de bactérias resistentes aos antibióticos no hospital – entre elas a KPC e dois casos de NDM-1, inédita no País até então – ambos agora buscam ajuda judicial para saber o que aconteceu com cada uma delas.
Rossele Zuco, 37 anos, e Matheus Azevedo, 24, não tinham nada em comum até o mês passado, quando suas mães faleceram na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Hospital Nossa Senhora da Conceição, em Porto Alegre. Atualmente, ambos estão tentando obter informações sobre as causas das mortes. Durante o período de internação das duas, eles receberam explicações médicas muito parecidas e exclusivamente de forma verbal. Preocupados com a epidemia de bactérias resistentes aos antibióticos no hospital – entre elas a KPC e dois casos de NDM-1, inédita no País até então – ambos agora buscam ajuda judicial para saber o que aconteceu com cada uma delas.
A mãe de Matheus tinha câncer e ia realizar uma delicada cirurgia em janeiro deste ano, mas o procedimento foi adiado porque a UTI do Conceição estava com alto índice de bactérias, relata o estudante de Engenharia de Produção. Segundo ele, em março, após a intervenção cirúrgica, Sandra de Fátima Bernardes Azevedo, de 55 anos, foi diagnosticada com uma bactéria desconhecida. “O médico nos disse que ela pegou uma bactéria que eles não sabiam qual era. Aí ela foi sedada e levada para o isolamento. Em seguida, o médico nos falou que ela estava com mais três bactérias e, no dia 28 de abril, ela morreu com infecção generalizada”, explica. Matheus diz que, até agora, não teve acesso à pasta com os documentos médicos de sua mãe, que deixou mais uma filha, de 18 anos, e o marido. A família não descarta procurar auxílio de um advogado.
Já Rossele foi adiante e buscou auxílio jurídico. Fátima Claudet Mazzonari Zuco, 59 anos, procurou atendimento médico no Conceição em janeiro, onde foi operada por uma suposta hérnia na virilha. Meses depois, ela retornou com complicações e foi para a emergência. Quando conseguiu leito, foi internada e diagnosticada com câncer. A quimioterapia teve início e a previsão de alta dada pelos médicos no dia 15 de abril era para três dias depois, no máximo. Rossele postou na rede social Facebook todos os passos de Fátima no hospital, o que tornou a situação pública.
Para surpresa dela, sua mãe foi infectada por uma bactéria desconhecida pelos médicos enquanto aguardava a alta. No dia 20 de abril, a paciente foi para a UTI e faleceu no dia 23 do mesmo mês. “Eu fui até o Conceição saber qual a bactéria que minha mãe pegou e por que levaram três dias aguardando um exame se ela podia ter alta. Foi nesse período que ela pegou a bactéria?”, questiona Rossele.
A lista de indagações é grande. A família quer saber por que ela não estava isolada, se tinha feito quimioterapia e havia o surto de bactérias. “Qualquer um entra lá e não tem ninguém vigiando se lavam as mãos ou passam álcool gel. Estive no Conceição após o óbito dela e me disseram que só me entregam os prontuários por via judicial e que isso está previsto em lei. Quero explicações”, avisa a pós-graduanda em Gestão de Pessoas, que morava com a mãe e uma filha de oito anos. “Nossa vida virou do avesso com essa perda inesperada e precoce.”
Ontem, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Porto Alegre informou que foi notificada no final de março deste ano sobre a ocorrência de casos de NDM (New Delhi Metallobetalactamase) no Hospital Conceição. A reportagem do Jornal do Comércio está desde a semana passada solicitando entrevista com representantes do Ministério da Saúde.
“O curioso é que o Ministério da Saúde reconduziu ao cargo toda a gestão administrativa do GHC agora em abril, mesmo com todo esse caos. O gerente de Auditoria Interna do Conceição está atuando de forma ilegal. Nenhum processo é auditado porque nem a função dele foi autorizada pelo Conselho de Administração do hospital e nem pela Controladoria-Geral da União”, denuncia Arlindo Ritter, presidente da Associação dos Servidores do GHC.
Ritter afirma que o hospital está sem controle de qualidade. “A higienização têxtil é precária. O material que vai para lavagem retorna sujo, às vezes até com fezes. E a Sala Verde da emergência segue fechada. Com isso, as pessoas ficam amontoadas nos corredores, intensificando a proliferação das bactérias”, critica.
Amanhã, Ritter irá até a Assembleia Legislativa protocolar na Comissão de Saúde e Meio Ambiente o pedido da associação para que seja feita uma audiência pública sobre o caso do GHC. O Ministério Público Federal oficiou a diretoria da instituição para se manifestar sobre as denúncias de má gestão entre a Plansul, empresa responsável pela limpeza do hospital, e o grupo hospitalar.
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