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Publicada em 01 de Novembro de 2025 às 10:23

Câmara apoia fim de supersalários, mas rejeita reformas fiscais, indica levantamento

A pesquisa ouviu em setembro número representativo das bancadas da Casa, que tem 513 cadeiras.

A pesquisa ouviu em setembro número representativo das bancadas da Casa, que tem 513 cadeiras.

Edilson Rodrigues/Agência Senado/JC
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Agências
Enquete do Movimento Orçamento Bem Gasto realizada de forma presencial com 184 deputados federais indica que o controle de supersalários é a única proposta do ponto de vista de ajuste orçamentário que tem apoio majoritário e, na opinião da maioria, com chance de ser aprovada até 2027.
Enquete do Movimento Orçamento Bem Gasto realizada de forma presencial com 184 deputados federais indica que o controle de supersalários é a única proposta do ponto de vista de ajuste orçamentário que tem apoio majoritário e, na opinião da maioria, com chance de ser aprovada até 2027.
Medidas da cartilha liberal como o fim de pisos de gastos obrigatórios na saúde e na educação, a desindexação dos benefícios previdenciários e uma nova reforma da Previdência são rejeitadas pela maioria, que também diz não ver chance de aprovação nos próximos dois anos.
O movimento formado por economistas e especialistas de diversas áreas, que defende a gestão transparente e eficiente das contas públicas, encomendou a enquete com o objetivo de medir a percepção sobre a elaboração do processo orçamentário e a aceitação de oito medidas fiscais. A pesquisa ouviu em setembro número representativo das bancadas da Casa, que tem 513 cadeiras.
Como esperado, a redução das emendas parlamentares, que superam a casa dos R$ 50 bilhões ao ano, é a proposta mais rejeitada pelos deputados -47% disseram não concordar com a afirmação de que o corte contribuiria para melhorar a qualidade e a sustentabilidade fiscal do orçamento. Só 29% disseram concordar com essa premissa, a maior parte da base de apoio a Lula.
A chance de aprovação dessa redução até 2027 é vista como factível por apenas 24%, contra 66% que dizem não acreditar que isso vá ocorrer.
Alguns dos principais itens da cartilha liberal também são rejeitados e vistos como pouco prováveis de saírem do papel nos próximos dois anos, indica o levantamento.
A desvinculação dos benefícios previdenciários e de seguridade social dos reajustes dados ao salário-mínimo é uma medida que sofre oposição de 39% dos entrevistados, tendo apoio de apenas 23%. Sobre a chance de aprovação nos próximos anos, a diferença entre os céticos (65%) e os entusiastas (26%) é bem maior.
A proposta do fim do piso de aplicação de recursos na saúde e na educação tem números similares, assim como uma nova reforma da Previdência. Apesar de haver um equilíbrio entre apoio e rejeição a essa última medida, 64% disseram não ver chance de aprovação até 2027.
A última reforma da Previdência foi aprovada pelo Congresso em 2019, com expectativa de economia de R$ 800 bilhões em dez anos.
Já a reforma do regime de Previdência dos militares é uma proposta com apoio majoritário entre os deputados (48%), mas também a maioria diz não acreditar em aprovação em horizonte de curto e médio prazo.
O único tema que a maioria dos deputados ouvidos apoia e vê chance de aprovação no sentido de melhorar a qualidade e a sustentabilidade fiscal do orçamento é a questão dos supersalários -69% defendem seu controle e 52% dizem ver chance de aprovação até 2027.
A reforma administrativa, que contempla a questão dos supersalários na administração pública, foi recentemente protocolada na Câmara com o apoio e condução do presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB). A medida sofre oposição, porém, de bancadas mais sensíveis à pressão de corporações do funcionalismo.
A enquete feita pelo Movimento Orçamento Bem Gasto também ouviu os deputados sobre a elaboração e execução do Orçamento.
Ao mesmo tempo em que a maior parte dos parlamentares diz sentir falta de regras que melhorem as contas públicas, o mesmo contingente diz avaliar que a atual legislação é suficiente para barrar a irresponsabilidade fiscal.
Os deputados também manifestaram críticas ao processo de elaboração do Orçamento -mais da metade diz que ele não é democrático nem de fácil compreensão pelo cidadão.

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