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Publicada em 15 de Outubro de 2025 às 16:49

Guarda Municipal dispara balas de borracha contra vereadores e manifestantes em Porto Alegre

Vereadores de oposição fizeram 'cordão humano' entre ativistas e guardas

Vereadores de oposição fizeram 'cordão humano' entre ativistas e guardas

Sofia Utz/Especial/JC
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Sofia Utz
Sofia Utz
Atualizada às 18h50min
Atualizada às 18h50min

Durante a sessão desta quarta-feira (15), a Guarda Municipal disparou balas de borracha, bombas de efeito moral e spray de pimenta contra vereadores da oposição e manifestantes que se acumulavam nos portões de entrada. No início da tarde, vários militantes vieram até a casa para protestar contra o Código de Limpeza Urbana Municipal e a concessão do Dmae, projetos que deveriam ser discutidos pelos parlamentares.

Enquanto os parlamentares discutiam a entrada de mais militantes no plenário, chegou a notícia de que um dos manifestantes que estava na frente do Legislativo foi agredido por um agente da Guarda Municipal. No mesmo momento, os vereadores da oposição, assessores e o público que ocupava as galerias correram para a porta do prédio, buscando entender o que havia acontecido.

Para dispersar o tumulto, os servidores dispararam. As balas de borracha atingiram os vereadores Giovani Culau (PCdoB) e Erick Dênil (PCdoB) e o deputado Miguel Rosseto (PT), que levou uma bala de borracha nas costas. A vereadora Natasha Ferreira (PT) recebeu spray de pimenta e sofreu queimaduras. “Isso é o símbolo do autoritarismo da presidente Nádia”, pontuou o vereador Giovani Culau, se referindo à vereadora Comandante Nádia (PL), presidente da Câmara.

Em entrevista, Nádia afirmou que vereadores da oposição realizaram discursos que incitaram o manifestantes a agirem de forma inadequada. “Não podemos ter violência de jeito nenhum, nem de um lado, nem de outro”, afirmou ela.
A sessão chegou a ser interrompida, e a Mesa Diretora foi ocupada por vereadores da oposição. O vereador Alexandre Bublitz (PT) reabriu a sessão e logo a encerrou. 
Em telefonema com o prefeito Sebastião Melo (MDB), Natasha solicitou uma reunião com o chefe do Executivo, afirmando que a bancada de oposição não daria continuidade a nenhuma sessão até que o encontro ocorresse. A líder do PT afirmou que os opositores pediriam a renúncia de Nádia. “Nadia não pode mais ser presidente. Foi uma escolha política o conflito que tivemos aqui”, avaliou. De acordo com o prefeito, o secretário de Segurança da Capital, Alexandre Aragon, está sendo contatado.

A bancada da base se reuniu na sala da presidência por mais de uma hora. Nos bastidores, corria a possibilidade de que a presidente iniciasse uma sessão extraordinária para votar o Código de Limpeza Urbana.
Em coletiva de imprensa, a vereadora Comandante Nádia afirmou que a Câmara Municipal lamenta o ocorrido, mas defende a atuação da Guarda. “Foi necessária intervenção da Guarda Municipal para garantir a segurança dos vereadores”, avaliou. A presidente reiterou que o Parlamento é um espaço legítimo de divergências, mas nunca de desordem. “A preservação da ordem é condição indispensável para o exercício do trabalho dos vereadores.”

Sobre os ferimentos de diversos vereadores da oposição, Nádia afirmou que as gravações das câmeras dos agentes de segurança serão analisadas. “As imagens falarão por si”, categorizou. A parlamentar ainda disse que em futuras votações polêmicas o protocolo de segurança será endurecido, podendo até realizar sessões sem a presença de público nas galerias.

Em relação ao pedido de renúncia feito por Natasha, retrucou com risadas. “Todo mundo sabe que eu sou democrática”, pontuou Nádia, afirmando que os opositores podem solicitar o que quiserem.

Em nota oficial, a prefeitura afirmou que a Secretaria Municipal de Segurança abriu um inquérito preliminar sumário para apurar os fatos envolvendo os ocorridos durante a tarde. O procedimento deve averiguar o contexto que contribuiu para a situação, também analisando as câmeras corporais dos guardas.

Após a coletiva, a presidente retornou ao plenário e abriu novamente a sessão. Os projetos que constavam na ordem do dia serão retomados na próxima segunda-feira (20), com exceção da proposta de concessão do Dmae, que será adiada.
 

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