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Publicada em 02 de Setembro de 2025 às 18:44

Começa julgamento de Bolsonaro e mais 7 réus

Plenário da Primeira Turma terá cinco dias de sessões até encerramento do processo, no dia 12 de setembro

Plenário da Primeira Turma terá cinco dias de sessões até encerramento do processo, no dia 12 de setembro

Antonio Augusto/STF/JC
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Agência Brasil
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes leu nesta terça-feira (02) pela manhã o relatório final da ação penal que investiga uma tentativa de golpe de Estado cujo objetivo seria manter o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder, mesmo após derrota eleitoral em 2022. A leitura do relatório foi o primeiro passo do julgamento, que começou na terça e está previsto para durar até 12 de setembro, quando deverá ser conhecida a sentença final, com a condenação ou absolvição de Bolsonaro e mais sete ex-assessores próximos, integrantes do núcleo crucial da articulação.
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes leu nesta terça-feira (02) pela manhã o relatório final da ação penal que investiga uma tentativa de golpe de Estado cujo objetivo seria manter o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder, mesmo após derrota eleitoral em 2022. A leitura do relatório foi o primeiro passo do julgamento, que começou na terça e está previsto para durar até 12 de setembro, quando deverá ser conhecida a sentença final, com a condenação ou absolvição de Bolsonaro e mais sete ex-assessores próximos, integrantes do núcleo crucial da articulação.
Em seguida, o o ministro Cristiano Zanin, presidente da Primeira Turma do Supremo, onde o julgamento ocorre presencialmente, passou a palavra ao titular da Procuradoria-Geral da República (PGR), Paulo Gonet, autor da denúncia, que teve até duas horas para falar.
Após discurso em que defendeu a independência da Justiça brasileira e a soberania nacional, e reafirmou a imparcialidade do Supremo diante de pressões internas e externas, Moraes fez um resumo cronológico minucioso da tramitação de toda a ação penal, desde a fase de inquérito, passando pela apresentação e aceitação da denúncia, atravessando a instrução processual e até o momento do julgamento. O relator resumiu também as versões e argumentos da PGR e das defesas sobre os fatos investigados.
No caso da acusação, Moraes delineou os atos apontados por Gonet como parte da tentativa de golpe. Segundo a narrativa, a execução do plano de ruptura institucional teve início com uma reunião ministerial em julho de 2021, quando Bolsonaro conclamou seus auxiliares a atacarem, mesmo sem provas, o sistema eletrônico de votação.
Para Gonet, essa foi a forma encontrada para manter a base de apoiadores antecipadamente insatisfeita com eventual derrota eleitoral de Bolsonaro, criando a "comoção social" necessária para o golpe. Em seguida, o procurador menciona reuniões no Palácio do Alvorada em que os réus teriam discutido minutas de decreto golpista, com o objetivo de estabelecer um regime de exceção no País.
A organização criminosa também teria capturado instituições como a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e usado ambas como instrumento para o plano.
Um planejamento para o golpe chegou a ser impresso nas dependências do Palácio do Planalto, apontou Gonet, denominado Punhal Verde e Amarelo. Tal plano incluía a operação Copa 2022, a ser realizada em 12 de dezembro de 2022, e prevendo o sequestro ou até mesmo assassinato de adversários como o próprio Moraes e o então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), bem como seu vice, Geraldo Alckmin (PSB).
Tal plano somente não deu certo, segundo a PGR, devido à não adesão dos comandantes à época do Exército, general Freire Gomes, e da Aeronáutica, brigadeiro do ar Baptista Júnior. Eles confirmaram, em depoimento, que participaram de uma reunião em 7 de dezembro na qual lhes foi apresentada uma minuta de decreto golpista.
A tentativa de golpe teria se encerrado, segundo Gonet, com os atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023, quando apoiadores de Bolsonaro invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes. Para a PGR, o episódio não foi espontâneo, mas fazia parte do planejamento do golpe, e os manifestantes teriam recebido treinamento e orientação da organização criminosa.

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