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Publicada em 22 de Julho de 2025 às 18:53

Lula prevê alta nas receitas e libera R$ 20,6 bilhões do Orçamento 2025

Principal fonte extra de arrecadação foi leilão de excedentes de petróleo da União

Principal fonte extra de arrecadação foi leilão de excedentes de petróleo da União

Evaristo Sá/AFP/JC
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Agências
O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou ontem a liberação de R$ 20,6 bilhões do Orçamento que estavam congelados para cumprir regras fiscais. A decisão foi possível porque houve melhora nas expectativas de arrecadação em 2025.
O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou ontem a liberação de R$ 20,6 bilhões do Orçamento que estavam congelados para cumprir regras fiscais. A decisão foi possível porque houve melhora nas expectativas de arrecadação em 2025.
A medida dará alívio aos ministérios, que poderão executar uma parcela maior de investimentos e despesas de custeio administrativo, e também vai destravar uma parte das emendas parlamentares, verbas usadas pelos congressistas para bancar ações em seus redutos eleitorais.
Em maio, a equipe econômica precisou fazer uma contenção de R$ 31,3 bilhões em despesas. Desse valor, R$ 10,6 bilhões foram bloqueados para compensar o aumento de outros gastos obrigatórios, como benefícios previdenciários, e cumprir o limite do arcabouço.
Outros R$ 20,7 bilhões foram contingenciados na ocasião, com o objetivo de contrabalançar a expectativa de frustração nas receitas e assegurar a meta. A equipe econômica tem como alvo um déficit zero, mas a margem de tolerância permite um resultado negativo de até R$ 31 bilhões neste ano.
O relatório de avaliação de receitas e despesas do terceiro bimestre mostra que o governo conseguiu reverter todo o contingenciamento, com a liberação de R$ 20,7 bilhões. No entanto, a equipe econômica precisou fazer um bloqueio adicional de R$ 100 milhões. Por isso, o efeito líquido é de R$ 20,6 bilhões - esse é o valor que ficará efetivamente disponível aos ministérios e parlamentares.
Uma das principais fontes de arrecadação extra inseridas no relatório é o leilão de excedentes de petróleo da União em áreas do pré-sal. A lei que autoriza a venda desses volumes foi sancionada por Lula em 14 de julho. Com isso, a estimativa do governo com a arrecadação de exploração de recursos naturais ficou R$ 17,9 bilhões maior.
O governo também conseguiu manter boa parte das receitas esperadas com o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), graças à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de validar o decreto de Lula, com exceção da medida que taxava o risco sacado - operação em que o fornecedor recebe à vista de uma instituição financeira, e comprador quita a dívida em prazo mais longo.
Do lado das despesas, a principal fonte de pressão foi o Benefício de Prestação Continuada (BPC), pago a idosos e pessoas com deficiência de baixa renda. A previsão de gastos com a política subiu R$ 2,9 bilhões. No entanto, o valor foi compensado por uma redução de R$ 2 bilhões nas despesas com pessoal e de R$ 800 milhões em subsídios.
A previsão de gastos com benefícios previdenciários, por sua vez, ficou praticamente inalterada em R$ 1,032 trilhão, com um aumento de apenas R$ 400 milhões em relação ao segundo bimestre.
O novo arcabouço fiscal determina que o governo observe duas regras: um limite de gastos e uma meta de resultado primário (verificada a partir da diferença entre receitas e despesas, descontado o serviço da dívida pública).
Ao longo do ano, conforme mudam as projeções para atividade econômica, inflação ou as próprias necessidades dos ministérios para honrar despesas obrigatórias, o governo pode precisar fazer ajustes para garantir o cumprimento das duas regras.
 

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