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Publicada em 16 de Julho de 2025 às 16:44

Três segmentos industriais gaúchos exportam mais de 40% dos produtos aos EUA, aponta Fiergs

Representantes da Fiergs compareceram a comissão da Assembleia nesta quarta-feira (16)

Representantes da Fiergs compareceram a comissão da Assembleia nesta quarta-feira (16)

Cláudio Fachel/ALRS/Divulgação/JC
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Bolívar Cavalar
Bolívar Cavalar Repórter
Diante do anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que irá implementar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, representantes da Fiergs compareceram nesta quarta-feira (16) a uma audiência na Comissão de Economia, Desenvolvimento Sustentável e do Turismo da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul para tratarem dos impactos da medida à indústria gaúcha. A reunião foi conduzida pelo presidente do colegiado, Gustavo Victorino (Republicanos), e o convite realizado por Miguel Rossetto (PT). 
Diante do anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que irá implementar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, representantes da Fiergs compareceram nesta quarta-feira (16) a uma audiência na Comissão de Economia, Desenvolvimento Sustentável e do Turismo da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul para tratarem dos impactos da medida à indústria gaúcha. A reunião foi conduzida pelo presidente do colegiado, Gustavo Victorino (Republicanos), e o convite realizado por Miguel Rossetto (PT). 
Um consenso entre os deputados presentes e os representantes da entidade é da necessidade de que o Brasil, por meio do governo federal e do Ministério de Relações Exteriores, tenha cautela e priorize uma negociação diplomática para que a medida anunciada pelo presidente norte-americano não se concretize. Pela carta encaminhada por Trump ao executivo brasileiro, o início da vigência da tarifa será em 1º de agosto. 
De acordo com o presidente da Fiergs, Claudio Bier, há empresas no Rio Grande do Sul cujo faturamento depende mais de 90% do comércio com os Estados Unidos.  
“O meu pedido para esta Comissão é que nós tenhamos diálogo. Eu acho que é hora de muita paciência, muita 'engolição de sapo' para nós tentarmos resolver isso, porque para a indústria brasileira, e principalmente para a indústria gaúcha, é fundamental”, afirmou Bier. 
Na audiência, o economista-chefe da Fiergs, Giovani Baggio, apresentou um levantamento dos segmentos industriais com maior exposição aos Estados Unidos. Em volume de exportações, o segmento de produtos de metais é o mais atingido – 45,8% das exportações gaúchas em 2024 foram para os EUA -, seguido por Minerais não-metálicos - 44,4% - e máquinas e materiais elétricos - 42,5%. A indústria de transformação como um todo teve o país norte-americano como destino de 11,2% de seus embarques no ano passado. 
Tratando dos ramos industriais, aquele com maior exposição à tarifa é o de armas de fogo, com uma proporção de 85,9% das exportações para os Estados Unidos. Ele é seguido pelo ramo de transformadores, indutores conversores e sincronizadores – 79,3% - e pelo de peças e acessórios para sistema de freio de veículos - 53,1%. Um destaque apontado na reunião é o ramo de calçados de couro, que é o que mais emprega no RS, e que em 2024 as exportações para os Estados Unidos representaram 47,5% do total.  
A Fiergs estima que, na pior das hipóteses, ou seja, em caso de fechamento de diversas empresas dependentes das exportações para o país norte-americano, a tarifa de 50% anunciada por Trump pode resultar em 145 mil desempregos no Rio Grande do Sul.  
Conforme o gerente de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Fiergs, Luciano D'Andrea, o trabalho que vem sendo realizado pela entidade é no sentido de avançar em uma negociação para a revogação desta tarifa por parte do governo dos EUA. 
“A Fiergs está fazendo diversas articulações, dentro do seu papel constitucional, articulando com a CNI (Confederação Nacional da Indústria), e no momento tentando ajudar da melhor forma possível com informações qualificadas a parte negocial, que é o que cabe agora: negociar a retirada, a revogação desta tarifa, ou adiamento, em um primeiro momento, do prazo (de 1º de agosto)”, afirmou D’Andrea.
O impacto total desta tarifa de 50% para a indústria gaúcha ainda não é calculável, tendo em vista que a carta enviada por Donald Trump ao governo brasileiro não representa um documento oficial com todas as métricas das taxações a serem aplicadas. Não se sabe, por exemplo, se a tarifa será sobre todos os produtos, ou apenas alguns. 
A reunião ocorreu de forma pacífica, até que se aproximou do seu final, quando ocorreu um bate-boca entre deputados. Antes de declarar encerrada a audiência, o presidente da Comissão, Gustavo Victorino, fez uma provocação aos parlamentares petistas presentes, quando afirmou: “Antes do encerramento desta sessão quero fazer um pedido à bancada do PT: por favor peçam ao seu presidente (Lula) para ele calar a boca”. O deputado Miguel Rossetto, líder da oposição na Assembleia, chamou o ato de desrespeitoso, e a sessão foi encerrada após uma troca de acusações entre os parlamentares que levou mais de três minutos. 

Impacto do tarifaço

Segmentos industriais com maior exposição aos EUA:

Produtos de metais - 45,8% das exportações;
Minerais não-metálicos - 44,4%;
Máquinas e materiais elétricos - 42,5%;
Madeira - 30,1%;
Outros equipamentos de transporte - 25,8%.

Ramos industriais com maior exposição aos EUA:

Armas de fogo, outras armas e munições - 85,9% das exportações;
Transformadores, indutores, conversores e sincronizadores - 79,3%;
Peças e acessórios para o sistema de freios de veículos - 53,1%;
Outros produtos de minerais não-metálicos - 52,7%;
Produtos petroquímicos básicos - 52,5%.
fonte: Fiergs

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