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Publicada em 05 de Julho de 2025 às 11:51

Carla Zambelli quer acareação, mas somente se não tiver de voltar ao Brasil

Deputada teve expedido mandado de prisão contra si

Deputada teve expedido mandado de prisão contra si

Lula Marques/ Agência Brasil/JC
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Agências
A deputada federal Carla Zambelli (PL) pediu uma acareação com o hacker Walter Delgatti Neto no processo de cassação ao qual responde na Câmara. Mas a parlamentar vai faltar caso a acareação seja presencial. O motivo é evitar a cadeia.
A deputada federal Carla Zambelli (PL) pediu uma acareação com o hacker Walter Delgatti Neto no processo de cassação ao qual responde na Câmara. Mas a parlamentar vai faltar caso a acareação seja presencial. O motivo é evitar a cadeia.
Alvo de um mandado de prisão, ela fugiu para a Itália e será presa se voltar ao Brasil. A parlamentar só vai comparecer se for definido que a acareação será por videoconferência. A afirmação é de seu advogado, Fábio Pagnozzi. Ele pede tratamento diferenciado à cliente. O advogado justificou que o uso de tecnologia é cada vez mais comum na Justiça e até pessoas presas são ouvidas por videoconferência.
Zambelli foi condenada por contratar o hacker Walter Delgatti para atacar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). De acordo com a decisão da Justiça, a dupla agiu para inserir o nome do ministro na lista de pessoas com mandado de prisão em aberto.
Ciente de que poderia ser logo presa, Zambelli deixou o País. O advogado desconversou sobre o retorno da parlamentar ao Brasil. Pagnozzi se limitou a falar que será um processo longo e sem data para acabar.
O STF ordenou a perda do mandato da deputada. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), não seguiu a determinação e abriu um processo de cassação. O caso está na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara.
Desmascarar hacker
A defesa de Zambelli entregou a solicitação de acareação à CCJ na última quarta-feira (2). Também houve um pedido de acesso aos equipamentos apreendidos na casa do hacker, tanto o celular quanto o computador.
O advogado afirmou que pretende tirar a credibilidade de Delgatti durante a acareação. Pagnozzi alegou que as únicas provas contra a cliente são o material apreendido da casa do hacker, o depoimento dele e um print do pedido de prisão de Moraes encontrado no celular de Zambelli. Essa mensagem foi encaminhada a várias pessoas da direita.
Comprovar que Delgatti mente ajudaria a preservar o mandato da deputada. Caso a CCJ entenda que o processo de cassação é ilegal, por afrontar a Constituição, o caso seria arquivado. O PL trabalha para salvar Zambelli. O líder do partido na Câmara, Sóstenes Cavalcante, declarou que todos os parlamentares da sigla votarão a favor da manutenção.
Se Zambelli for derrotada na CCJ, o caso vai ao plenário. São necessários 257 votos entre os 513 deputados para a cassação do mandato.
Sem saída
O mandato não deve ser mantido. Como a prisão de Zambelli é em regime fechado, ela não conseguirá marcar presença no trabalho.
O regimento estabelece o limite de faltas no Congresso em quatro meses. Se o intervalo for alcançado, a Mesa Diretora da Câmara decreta a perda do cargo. Foi assim no caso de Chiquinho Brazão, preso sob a acusação de ser mandante da morte da vereadora Marielle Franco.
O gesto de Motta de não acatar a determinação do STF é visto como inócuo do ponto de vista jurídico. A avaliação é que ele tenta mostrar que age para defender os parlamentares e, desta forma, ganhar prestígio com os pares.

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