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Publicada em 15 de Junho de 2025 às 14:44

MST acusa governo federal de inflar dados sobre novos assentamentos, ministério nega

Ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, tem sido criticado por lideranças do movimento

Ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, tem sido criticado por lideranças do movimento

Bruno Peres/Agência Brasil/Divulgação/JC
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Agências
Líderes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) acusam o Ministério do Desenvolvimento Agrário, comandado por Paulo Teixeira, de inflar estatísticas sobre novos assentamentos. De acordo com eles, os dados divulgados pelo governo federal não refletem a realidade dos camponeses. A pasta, por sua vez, nega as alegações.
Líderes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) acusam o Ministério do Desenvolvimento Agrário, comandado por Paulo Teixeira, de inflar estatísticas sobre novos assentamentos. De acordo com eles, os dados divulgados pelo governo federal não refletem a realidade dos camponeses. A pasta, por sua vez, nega as alegações.
Para as lideranças do movimento social, o governo tem anunciado como terras entregues áreas que ainda não foram reconhecidas como desapropriadas pela Justiça. Assim, alegam que os anúncios têm servido apenas para a divulgação do ministério, sem impacto real na vida dos acampados. A cúpula do MST tem realizado reiteradas críticas ao ministro Teixeira e solicitado sua subtituição. 
O Ministério do Desenvolvimento Agrário rejeita a acusação, afirma que tem trabalhado com transparência inédita e que divulga como entregues as áreas em relação às quais já houve análise técnica e empenho de recursos para desapropriação. Além disso, atribui dificuldades nos últimos anos a problemas herdados da administração do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Um caso utilizado pelo movimento como crítica à gestão de Teixeira é o do Acampamento Quilombo Campo Grande, que possui famílias assentadas desde 1990 no município de Campo do Meio, no Sul de Minas Gerais. Em março, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) visitou o local e assinou decretos pra a sua desapropriação, mas o MST afirma que o anúncio não teve efeito prático desde então e que o processo de desapropriação segue congelado
"O processo ficou parado após aquela demonstração toda de compromisso do presidente. Não se moveu mais nenhum centímetro no sentido de garantir o direito das famílias", afirma Silvio Netto, membro da coordenação nacional do MST. "Se o presidente tivesse conhecimento dessa incompetência, o Paulo Teixeira já teria sido demitido", acrescenta.
O primeiro passo que o ministério deveria ter dado após a assinatura dos decretos por Lula, diz Netto, seria apresentar uma ação para que a Justiça referendasse a desapropriação, o que não foi feito até o momento. Na avaliação do MST, trata-se de uma prova da morosidade da pasta. Os três lotes de Campo do Meio aparecem em lista de novas terras entregues que é divulgada pelo governo.
O ministério diz que a Procuradoria do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) está elaborando a ação sobre Campo do Meio para apresentar à Justiça e que o rito está sendo cumprido com rapidez se comparado ao tempo médio. O prazo legal para ingressar com a ação judicial a partir do decreto de desapropriação é de até dois anos.

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