A Polícia Federal (PF) investiga suspeitas de desvios de emendas parlamentares destinadas ao Hospital Ana Nery, de Santa Cruz, no Rio Grande de Sul. O deputado federal gaúcho Afonso Motta (PDT) é citado no inquérito, mas não foi alvo da fase ostensiva da operação. Lino Rogério, assessor de Motta, foi alvo de buscas nesta quinta-feira (13) e afastado do cargo.
• LEIA MAIS: Mulher suspeita de matar quatro pessoas envenenadas com bolo é encontrada morta em presídio
Com autorização do Supremo Tribunal Federal (STF), os policiais federais fizeram buscas em 11 endereços residenciais e comerciais ligados aos investigados em Brasília e nos municípios gaúchos de Estrela, Rosário do Sul, Santa Cruz do Sul, Venâncio Aires e Lajeado.
O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou a operação, argumentou que as provas reunidas até o momento pela Polícia Federal demonstram a participação dos investigados para o "sucesso da destinação de emendas parlamentares para o Hospital Ana Nery e a consequente apropriação por particulares de parte desses recursos". O ministro também determinou o bloqueio de valores de contas de pessoas físicas e jurídicas.
Investigação
Mensagens encontradas no celular do lobista Cliver André Fiegenbaum com Lino Rogério da Silva indicam um acerto de propina em troca das emendas para o Hospital.
O valor combinado teria sido de 6% sobre a verba enviada ao hospital, segundo a Polícia Federal. Afonso Motta apadrinhou três emendas ao Hospital de Santa Cruz, no valor total de R$ 1 milhão, nos anos de 2023 e 2024.
Cliver André Fiegenbaum é diretor administrativo e financeiro da Metroplan (Fundação Estadual de Planejamento Metropolitano e Regional), vinculada à Secretaria Estadual de Desenvolvimento Urbano e Metropolitano. Ele foi afastado das funções por ordem do STF.
O negócio está registrado em papel. A unidade de saúde fechou contrato com uma empresa do lobista para "captação de recursos através de indicação de emendas parlamentares".
"O Contratado receberá 6% (seis por cento) sobre o valor por ele comprovadamente captado, que serão pagos em ate 30 dias após o recebimento do valor pela Contratante, através de deposito bancário em conta jurídica", diz o documento.
O hospital repassou pelo menos R$ 509 mil à companhia ligada a Fiegenbaum. A PF ainda investiga se a "comissão" envolve emendas de outros deputados.
Contatado pela reportagem, o deputado Afonso Motta não havia retornado a ligação e nem manifestado posição oficial até a publicação desta matéria.