Ana Carolina Stobbe e Gabriel Margonar
Para além dos candidatos, as eleições são feitas de múltiplos agentes que garantem seu pleno funcionamento. Assim, em todo o Brasil, quase dois milhões de pessoas foram selecionadas para atuarem como mesárias. Delas, pouco mais da metade está atuando de forma voluntária, entendendo a função como um dever cívico pela manutenção da democracia, o restante, recebeu a convocação oficial da justiça eleitoral.
Aline Vaz, de 41 anos, foi uma das convocadas. Há dez anos, ela atua em funções eleitorais. Inicialmente, trabalhou como secretária, em seguida, passou a ser segunda mesária e hoje, na sua sexta eleição, ocupa o posto de presidente de uma seção eleitoral localizada no Colégio Estadual Júlio de Castilhos — o Julinho —, em Porto Alegre. "A gente sabe a responsabilidade que é a gente poder oferecer o direito às pessoas de exercerem o seu voto e procuramos fazer da melhor forma possível. Normalmente, é super tranquilo, apesar de ser uma seção com bastantes eleitores. É o nosso trabalho que faz o direito das pessoas acontecer. A gente garante que o processo eleitoral aconteça de forma íntegra, de forma transparente", avalia.
Perto do Julinho, na Escola Estadual Luciana de Abreu, também no bairro Santana, atuava a servidora pública Janaina Dorneles, 52 anos. Farmacêutica de formação, ela exercia a função de presidente de mesa, depois de já ter sido mesária em outras três oportunidades. Como funcionária do setor público, acredita ter a obrigação moral de participar ativamente da festa da democracia. "O processo eleitoral é um ato cívico, um momento muito importante para toda a nossa sociedade. Eu, por trabalhar no setor público e ser paga mensalmente pelo Estado, sinto uma necessidade, quase que uma obrigação, de ajudar e participar ativamente deste dia", explica.
No mesmo colégio, Thiago Alves, 26, estava vivendo uma experiência inédita nas eleições municipais deste ano. Convocado pelo TSE, o estudante afirma ter sido pego de surpresa, mas não considera o momento negativo. "Sempre tive a ideia de que ser mesário era algo terrível, chato. Mas na prática foi bom, fiz algumas amizades, interagi com os eleitores e, agora, posso dizer que participei de forma ativa em uma eleição", destaca.
Longe de Porto Alegre, a gaúcha Luísa Ré de Rocco, 23, optou por atuar como mesária voluntária aos 18. Assim, está atuando em sua terceira eleição, dessa vez, no município de São Paulo. "Eu conheci muitas pessoas diferentes e até fiz amizade com meus colegas voluntários. É muito bom sentir que posso contribuir de alguma forma com a nossa democracia", pontua.