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Publicada em 10 de Julho de 2024 às 16:21

Governo sinaliza acordo, e Senado adia votação de PEC do Banco Central

PEC transforma Banco Central de autarquia para empresa pública de natureza especial

PEC transforma Banco Central de autarquia para empresa pública de natureza especial

Marcello Casal Jr/Agência Brasil/Divulgação/JC
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Folhapress
A CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado adiou nesta quarta-feira (10) a votação da PEC (proposta de emenda à Constituição) de autonomia financeira do Banco Central depois que o governo sinalizou a construção de um acordo.
A CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado adiou nesta quarta-feira (10) a votação da PEC (proposta de emenda à Constituição) de autonomia financeira do Banco Central depois que o governo sinalizou a construção de um acordo.
Após se reunir com o presidente da República e com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), afirmou que o governo não é contra a autonomia financeira do Banco Central, mas sim à PEC em discussão.
"A autonomia financeira do Bacen, não há nenhum problema conosco, nenhum. A forma de atingi-la é que nós não concordamos, de transformar o Bacen em uma empresa. Para transformar, da forma que está o relatório, tem figuras como celetista estável. São figuras exóticas, eu diria, no mínimo."
Com a possibilidade de acordo, o presidente da CCJ, senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), afirmou que a comissão deve se reunir de forma semipresencial na quarta-feira da semana que vem (17) -véspera do recesso parlamentar.
Nesta terça (9), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), disse que era momento de "botar água na fervura" e que ainda não havia perspectiva de colocar a PEC em votação no plenário da Casa.
Ele citou "divergências" entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente do BC, Roberto Campos Neto, e afirmou que o debate deve ser "alongado", considerando a opinião do próprio governo federal, do sistema financeiro e dos servidores da instituição.
Minutos antes de anunciar a posição do governo, Jaques havia se reunido no Palácio do Planalto com Lula, Haddad e o presidente do Senado para tratar da desoneração da folha de pagamento de empresas e prefeituras.
Durante a sessão, o senador Rogério Carvalho (PT-SE) leu um voto em separado, rejeitando a proposta de emenda constitucional e demarcando a posição contrária dos petistas ao texto.
Assim como a nota técnica elaborada pela liderança do governo no Senado, Carvalho afirmou que a PEC é inconstitucional e viola a separação de Poderes ao usurpar a atribuição privativa do presidente da República de deflagrar o processo de discussão de um tema como este.
"O BC atua mais como um administrador de recursos nacionais do que como proprietário de ativos que geram receitas. A emissão de moeda, por exemplo, não é uma atividade comercial com fins lucrativos, mas uma função monetária central que visa controlar a oferta monetária e sustentar a estabilidade econômica", afirmou o senador.
Na semana passada, o parecer favorável foi lido pelo relator, senador Plínio Valério (PSDB-AM), mas a discussão na CCJ foi adiada depois de um pedido de vista coletivo (mais tempo para análise).
A PEC transforma o Banco Central de autarquia para empresa pública de natureza especial, que exerce atividade estatal. Apesar de ter autonomia operacional assegurada por lei desde 2021, a autoridade monetária não tem poder sobre o próprio orçamento.

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