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Publicada em 10 de Abril de 2024 às 20:51

Setor primário defende alta de ICMS; Fiergs pede para que Piratini aguarde até junho

Reunião da Comissão de Defesa do Consumidor reuniu 27 entidades do setor primário

Reunião da Comissão de Defesa do Consumidor reuniu 27 entidades do setor primário

Felipe Dalla Valle / Divulgação / JC
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Diego Nuñez
Diego Nuñez Repórter
Entidades ligadas ao agronegócio gaúcho compareceram à Assembleia Legislativa para se posicionar em relação ao debate fiscal que se estabeleceu no RS nos últimos meses. Federações e associações que assinaram a carta que reiniciou a discussão sobre aumento de ICMS explicaram sua posição. A proposta é aumentar a alíquota básica de 17% para 19%, com a contrapartida da retirada dos decretos que reduzem benefícios fiscais no Estado.
Entidades ligadas ao agronegócio gaúcho compareceram à Assembleia Legislativa para se posicionar em relação ao debate fiscal que se estabeleceu no RS nos últimos meses. Federações e associações que assinaram a carta que reiniciou a discussão sobre aumento de ICMS explicaram sua posição. A proposta é aumentar a alíquota básica de 17% para 19%, com a contrapartida da retirada dos decretos que reduzem benefícios fiscais no Estado.
Ligadas à produção primária e à produção e comercialização de grãos e alimentos, representantes desses setores entendem que a alta da alíquota modal seria menos prejudicial do que retiradas de incentivos - o que impactaria diretamente a cesta básica e resultaria em possível inflação de preços na alimentação.
"Nesse momento, em que a agricultura passou por três estiagens consecutivas, um El Niño severo, não pode o setor produtivo assumir mais esse ônus com a retirada de incentivos. Aumentaria o custo de produção de 6% a 10%, dependendo do produto. Essa conta o setor produtivo não tem mais como arcar. Entendemos que a (alíquota) modal é o remédio menos amargo", disse Eugênio Edevino Zanetti, vice-presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no RS (Fetag-RS).
O presidente da Associação Gaúcha de Avicultura concorda: "Estamos praticamente unânimes. Ninguém quer aumento de impostos, mas vivemos num sistema que trabalha e sobrevive em cima de impostos. Chegamos a esse consenso de encaminhar a alíquota de 19%", disse José Eduardo dos Santos.
O presidente da Cotrijal, Nei Manica entende que corte de benefícios desestruturariam cadeias econômicas no Estado. "Retirada dos incentivos acabaria com qualquer mobilização de continuarmos buscando a industrialização do RS. As empresas que já têm esse incentivo se desestabilizariam e o consumidor acabaria pagando." E acrescentou: "Seria muito difícil justificarmos que votamos contra o (aumento) modal em detrimento de um custo muito elevado da sociedade".
O presidente do Sistema Ocergs corrobora: "Entendemos que o Estado tem que recompor suas receitas, precisa fazer investimentos. Queremos crescer juntos com o Estado", afirmou Darci Hartmann, organização que representa 371 cooperativas gaúchas e 3,5 milhões de associados.
Em nota, a Fiergs se manifestou pela manutenção do regime fiscal vigente no Estado, aguardando o comportamento da arrecadação no primeiro semestre de 2024. "Com os dados já observados, as projeções sinalizam que a arrecadação de ICMS alcançará mais de R$ 50 bilhões até o final de 2024, muito acima dos R$ 46,9 bilhões previstos na Lei Orçamentária Anual (LOA) do Estado para o ano. Segundo a Fiergs e o Ciergs, o montante adicional que será arrecadado significa o equilíbrio do orçamento estadual em 2024, sem necessidade de elevar a alíquota modal do ICMS e nem cortar os incentivos ficais", diz a nota. 
No texto, o presidente da Fiergs, Gilberto Porcello Petry, sugere ao governo do Estado "uma trégua neste tema até o final do mês de junho, quando então se poderá avaliar tecnicamente a dinâmica da receita tributária. Até sugerimos a criação de uma Câmara Técnica integrada pela Secretaria da Fazenda e pelas Federações Empresariais visando a monitorar de maneira permanente a dinâmica tributária estadual”.
A novidade da reunião desta quarta (10) ficou por conta de sindicatos que representam servidores e passaram a se somar no debate. "O Estado precisa de impostos para poder viabilizar seus serviços públicos. Por trás desses serviços, estão os servidores que estão há nove anos em defasagem salarial", afirmou o presidente do Sindicato dos Servidores de Nível Superior do Poder Executivo do RS (Sintergs), Nelcir André Varnier. A Associação dos Delegados de Polícia do RS (Asdep) também propõe a discussão: "Estamos avaliando tudo isso que vai repercutir de alguma maneira na valorização dos profissionais", disse o vice-presidente, Thiago Albeche.
 

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