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Publicada em 26 de Março de 2024 às 18:08

Revogação de decretos de Leite sobre benefícios fiscais avança na Assembleia

Presidente em exercício, Paparico Bacchi (e) deu voto de minerva para derrotar governo Leite

Presidente em exercício, Paparico Bacchi (e) deu voto de minerva para derrotar governo Leite

Celso Bender / ALRS / Divulgação / JC
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Diego Nuñez
Diego Nuñez Repórter
O governo Eduardo Leite (PSDB) sofreu mais um revés na Assembleia Legislativa na tarde desta terça-feira (26). Um dos requerimentos que pedia a revogação dos decretos do governo sobre benefícios fiscais avançou no Parlamento. A votação terminou em empate e a decisão ficou para o presidente em exercício Paparico Bacchi (PL) - que era um dos signatários da proposta. No fim, desempatou a votação que havia acabado em 23 a 23.Os deputados estaduais, portanto, aprovaram o recurso do PL, partido de oposição, em relação ao relatório emitido pela deputada governista Delgada Nadine (PSDB), que considerava inconstitucional o requerimento que pediu a sustação dos atos do governo. Agora, esse requerimento deve retornar à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).Apesar do revés, a pauta ainda tramita no Legislativo. Ou seja, os decretos não foram revogados e ainda devem valer a partir de 1º de abril. Na CCJ, o requerimento deve ser distribuído para um novo relator e se dará um prazo de 10 dias para que o Executivo faça sua defesa. Posteriormente, o requerimento deve ir a plenário, onde, aí sim, se votará o mérito: se os decretos de Leite serão revogados de fato ou não. Por enquanto, anda têm validade.
O governo Eduardo Leite (PSDB) sofreu mais um revés na Assembleia Legislativa na tarde desta terça-feira (26). Um dos requerimentos que pedia a revogação dos decretos do governo sobre benefícios fiscais avançou no Parlamento. A votação terminou em empate e a decisão ficou para o presidente em exercício Paparico Bacchi (PL) - que era um dos signatários da proposta. No fim, desempatou a votação que havia acabado em 23 a 23.

Os deputados estaduais, portanto, aprovaram o recurso do PL, partido de oposição, em relação ao relatório emitido pela deputada governista Delgada Nadine (PSDB), que considerava inconstitucional o requerimento que pediu a sustação dos atos do governo. Agora, esse requerimento deve retornar à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

Apesar do revés, a pauta ainda tramita no Legislativo. Ou seja, os decretos não foram revogados e ainda devem valer a partir de 1º de abril. Na CCJ, o requerimento deve ser distribuído para um novo relator e se dará um prazo de 10 dias para que o Executivo faça sua defesa. Posteriormente, o requerimento deve ir a plenário, onde, aí sim, se votará o mérito: se os decretos de Leite serão revogados de fato ou não. Por enquanto, anda têm validade.
O governo foi derrotado com a anuência de parte da sua própria base. O PP, considerado um dos fiéis da balanço, foi quase totalmente fiel ao Piratini. O deputado Joel Wilhelm, ex-prefeito de Igrejinha, foi o único a votar favoravelmente ao recurso e foi fundamental para o resultado. Assim como Patrícia Alba, único voto divergente no MDB, partido do vice-governador Gabriel Souza. O governista PDT se dividiu, assim como o Republicanos e o Podemos - todos têm secretário no Centro Administrativo Fernando Ferrari (Caff).
"É uma decisão histórica. Conseguimos fazer o debate não apenas no Palácio Piratini, mas no Parlamento gaúcho. Essa retirada de benefícios fiscais é muito grave. Teremos impactos incalculáveis no desemprego, principalmente na indústria e na cadeia da proteína animal, se prosperarem os decretos. O Parlamento será, a partir de hoje, um interlocutor para que se possa construir um ponto de equilíbrio", comemorou Bacchi, que assumiu o comando do Legislativo em função da viagem do presidente Adolfo Brito (PP) em Brasília, a fim de acompanhar Leite e outros governadores na renegociação da dívida de estados com a União.

"O governador tem demonstrado pouco apetite ao dialogo. Insistiu com o aumento da carga tributária, não ouviu o RS no momento da renegociação da dívida e escravizou o RS nas próximas décadas com uma dívida impagável. Hoje, deveríamos estar falando sobre conceder incentivos para desenvolver o Estado", criticou o deputado do PL.
O resultado da votação foi uma importante vitória da oposição e representou uma das poucas derrotas do governo Leite em plenário durante mais de cinco anos de gestão no Piratini. A decisão surpreendeu até mesmo os representantes de federações empresariais, que viam pouca margem para uma vitória legislativa e já preparavam os próximos passos para se opor à retirada de incentivos.
"Estamos na Assembleia apoiando todas as iniciativas que visem anular os decretos, que entendemos como violência à toda a população gaúcha, com aumento da cesta básica. Achamos louvável tanto a iniciativa do PT quanto do PL. Os decretos são uma violência tão grande que uniram atores da esquerda e da direita em prol do bom senso. Entendemos que a solução definitiva seriam projetos de lei, que trariam segurança e previsibilidade, protegendo setores que estão hoje vulneráveis. Que não fiquemos mais nas mãos da vontade do governador, seja Leite ou o próximo", afirmou Rodrigo Sousa Costa, presidente da Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande Sul (Federasul).
A proposta da Federasul seria transformar a concessão dos incentivos fiscais em lei. Hoje, incentivos fiscais são cedidos somente via decretos do Executivo estadual. 
O PT também entrou com o recurso semelhante ao vencido pelo PL em plenário. As duas bancadas, de oposições à esquerda e à direita, atuaram em sintonia. Com a aprovação do recurso do PL, o do PT nem chegou a ser apreciado. A proposta da Federasul seria transformar a concessão dos incentivos fiscais em lei. Hoje, incentivos fiscais são cedidos somente via decretos do Executivo estadual.
Após a votação, o Piratini se pronunciou, através de nota: "O governo do Estado respeita decisões da Assembleia e não comenta projetos internos do Parlamento. Vale ressaltar que a votação não se referiu ao mérito dos decretos - que seguem valendo - e sim a uma apreciação sobre decisão da CCJ. O Executivo, assim como tem o direito de conceder benefícios, tem o direito de revisá-los".
Líder do governo no Parlamento, Frederico Antunes (PP) defendia antes da votação a prerrogativa de Leite em decretar redução de benefícios: “na CCJ, debatemos a questão técnica e jurídica. Ficou muito claro que não exacerba o Executivo em um direito privativo dele de poder conceder e também dosar um incentivo fiscal. Isso é feito via decreto”.

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