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Política

Governo federal

- Publicada em 25 de Maio de 2023 às 00:35

'País não sairá do lugar sem combater desigualdade'

Assessoria Especial de Apoio ao Processo Decisório coloca combate à fome como prioridade do País

Assessoria Especial de Apoio ao Processo Decisório coloca combate à fome como prioridade do País


Carolina Jardine/Jardine Comunicação/Divulgação/JC
Assessora-chefe da Assessoria Especial de Apoio ao Processo Decisório do Gabinete Pessoal da Presidência da República, Clara Ant concedeu entrevista ao Jornal do Comércio relatando os principais desafios do terceiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ela reconhece que, após a aprovação do arcabouço fiscal, a próxima prioridade do governo federal será a reforma tributária e o combate às desigualdades.
Assessora-chefe da Assessoria Especial de Apoio ao Processo Decisório do Gabinete Pessoal da Presidência da República, Clara Ant concedeu entrevista ao Jornal do Comércio relatando os principais desafios do terceiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ela reconhece que, após a aprovação do arcabouço fiscal, a próxima prioridade do governo federal será a reforma tributária e o combate às desigualdades.
Há 40 anos acompanhando a trajetória do presidente, Clara Ant vem a Porto Alegre para lançar seu livro "Quatro décadas com Lula: o poder de andar junto" nesta sexta-feira, às 19h, na sede do Sindicato dos Arquitetos do RS, na rua José do Patrocínio, 1.197. 
Jornal do Comércio - Após a aprovação do arcabouço fiscal, qual deve ser a próxima prioridade do governo?
Clara Ant - Obviamente tem a reforma tributária. Vai ser um passo importante. Mas não só. Tem muita coisa sendo construída. Terminar as obras começadas, o arsenal que tem de obras abandonadas e paralisadas. Já foi anunciado a busca de concluir as obras na área da educação. É um caminho bom para gerar empregos. É importante acabar com a fome que assola o País. Temos que recompor o que foi destruído na saúde. São desafios gigantes. Além deles virá a reforma tributária.
JC - A reforma deve ser o próximo grande embate no Congresso Nacional?
Clara - Pode ser o próximo grande embate, mas não é a única pauta. Eu fico preocupada com o quanto de atenção que é dada para uma questão desse tipo e não é dada para questões da educação, da saúde, da moradia, que podem mudar o patamar mais até do que a discussão tributária, e não o contrário.
JC - São essas questões que deveriam ser o foco?
Clara - Se os deputados tivessem consciência do papel que eles têm, colocariam mais forças nessas pautas. Fariam mais emendas voltadas para a extinção da fome, para melhoria da condição de vida das pessoas. O País não tem como sair do lugar sem combater a desigualdade. Não é possível que haja uma pessoa que ganha até R$ 5 mil mensais e outra que ganha isso por dia ou por hora. O Congresso deveria, sim, se apropriar da luta contra a desigualdade.
JC - Como foi a construção do processo de aprovação do arcabouço fiscal, mesmo com o presidente fora do País?
Clara - Não tem nada que não se possa fazer atualmente por telefone, por videochamada. A discussão do presidente com o ministro Fernando Haddad (Fazenda) foi muito intensa todos esses meses. Não é questão de estar no Japão ou tal lugar. A preocupação principal é sair um pouco dessa rotina histórica de milagres, grandes pacotes, salvações da economia para entrar em uma política de Estado que preserve o País no sentido que não fique vulnerável, seja perante as crises internacionais, seja pelas fatalidades nacionais. O arcabouço teve como preocupação criar um rumo que tem como prioridade criar uma estabilidade que não machuca um setor ou outro, que não se define pelo favorecimento de tal setor. Com esse rumo desenhado e o objetivo estabelecido, a preocupação é de estabilizar sem maremotos.
JC - Qual é o seu papel na Assessoria Especial de Apoio ao Processo Decisório do Gabinete Pessoal do presidente?
Clara - O gabinete do presidente tem uma estrutura com duas assessorias especiais. Uma assessoria especial é coordenada pelo ex-chanceler Celso Amorim, da questão internacional. A outra é a que eu coordeno. Temos como responsabilidade criar um elo entre as atividades do Lula durante o dia, a tarde, a noite, os dias, os meses. É uma costura. Tem 37 ministérios. Como faz para que todos os ministérios estejam mais ou menos a par do que os demais estão fazendo? Temos a contribuição de espelhar para o presidente como anda o conjunto desses vagões dos quais ele é a locomotiva. Sobre como as decisões estão sendo encaminhadas.
JC - O que a inspirou a escrever o livro?
Clara - Eu comecei o livro no pior momento, quando começaram os ataques contra o Lula, a ação da extrema-direita e logo a criação da (Operação) Lava Jato. Era um momento que tinha a característica de anular a importância da presidência do Lula na história do Brasil. Me propus a escrever porque eu não tinha direito de ficar calada, enquanto outros vinham procurando anular ou reduzir o papel que o Lula tem e teve na história do Brasil. Eu termino o livro no dia que ele sai da prisão. Eu não avanço na conjuntura atual.
JC - Nessas quatro décadas ao lado de Lula, existe uma passagem que a marcou mais?
Clara - Efetivamente é o período do movimento sindical, que foi quando a gente se conheceu. E quando eu pude, do meu lugar de sindicalista, andar junto com o Lula, com seus companheiros, os metalúrgicos de todo o Brasil e outras categorias, quando a gente se uniu para lutar pela construção da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Foi um papel essencial para que nós enxergássemos que era possível impor um rumo diferente daquele que, na época, a ditadura estava querendo impor.