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Entrevista Especial

- Publicada em 13 de Novembro de 2022 às 17:02

Deputado federal gaúcho mais votado, Zucco promete ser forte oposição ao PT no Congresso Nacional

Com a maioria do Parlamento federal de centro-direita, teremos condições de pautar as principais reformas necessárias, projeta Zucco

Com a maioria do Parlamento federal de centro-direita, teremos condições de pautar as principais reformas necessárias, projeta Zucco


fotos: ISABELLE RIEGER/JC
O tenente-coronel Luciano Lorenzini Zucco (REP) obteve bons resultados nas eleições em que se candidatou. Na sua primeira disputa a cargo eletivo, se lançou à Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul em 2018. Na ocasião, foi o deputado estadual gaúcho mais bem votado, com quase 167 mil votos - superou em mais de 60 mil votos o segundo colocado.
O tenente-coronel Luciano Lorenzini Zucco (REP) obteve bons resultados nas eleições em que se candidatou. Na sua primeira disputa a cargo eletivo, se lançou à Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul em 2018. Na ocasião, foi o deputado estadual gaúcho mais bem votado, com quase 167 mil votos - superou em mais de 60 mil votos o segundo colocado.
No pleito geral de 2022, prospectou a mudança de esfera ao se lançar deputado federal. Mais uma vez, foi campeão de votos: pouco mais de 259 mil eleitores fizeram-no o gaúcho mais votado na Câmara dos Deputados. Com essa representatividade, Zucco se consolida como um dos maiores apoiadores de presidente Jair Bolsonaro (PL) no RS.
Assim, promete formar, junto aos demais congressistas de direita, uma forte bancada de oposição em Brasília, barrando o avanço da agenda do futuro presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Nesta entrevista ao Jornal do Comércio, Zucco disse que quer garantir a manutenção das flexibilizações do acesso à arma de fogo no País e ampliar o modelo cívico-militar nas escolas do País.
Jornal do Comércio - Ao que o senhor atribui a votação expressiva conquistada nesta eleição?
Tenente-coronel Zucco - Trabalho, dedicação, comprometimento, valores. Em 2018, eu entrei num processo eleitoral lincado muito forte com aquela sensação de uma mudança, da ruptura da velha política, de uma entrega efetiva de um parlamentar que realmente se dedicasse diuturnamente aqui para o Rio Grande. Naquela oportunidade já tive uma votação expressiva, que me deixou muito feliz. Era por dever de justiça com os quase 170 mil votos para deputado estadual que eu me dedicasse os quatro anos para corresponder às expectativas que tinham sido geradas. Durante os quatro anos, tivemos leis aprovadas que realmente marcaram nossa caminhada aqui no Parlamento gaúcho. A própria escola cívico-militar, a política de atenção ao câncer infantil, que está salvando vidas, projeto de transparência em obras públicas, uma política de atenção às crianças desaparecidas… então foram leis que realmente não foram somente apresentadas no Parlamento para serem aprovadas, foram elas que transformaram a vida dos gaúchos. Escola cívico-militar com mais de 70 escolas em processo de implantação, algumas já vigentes. Câncer infantil com realização de entregas para a sociedade como a Tele Oncoped, que é uma telemedicina. Crianças Desaparecidas, um projeto que virou pauta nacional, que foi premiado pelo Ministério Público. Transparência em obra pública, que hoje vai poder de forma muito clara evitar esses "elefantes brancos" de obras que começam e não terminam. Foram leis muito positivas. Os gaúchos acompanharam o nosso trabalho e o resultado veio nas urnas, com quase 260 mil votos, mais precisamente 259 mil e 23 votos. Fomos muito bem votados. Confesso que é muito bom ter o título de mais bem votado. Mas o que mais me deixou feliz foi o reconhecimento dos gaúchos, porque o voto é o reconhecimento ou da esperança ou da entrega, e nós já tínhamos entregue para a sociedade vários projetos, leis e posicionamentos.
JC - Qual a expectativa para sua estreia lá em Brasília?
Zucco - Brasília é um outro cenário. O cenário federal é mais difícil. São 513 parlamentares. A gente está vivendo um momento muito triste da sociedade brasileira, com claras evidências de censura ao direito de expressão. Nós tínhamos esperança que o Brasil continuasse com o governo do presidente Bolsonaro, um governo que trouxe grandes mudanças positivas e isso era o que eu estava imaginando acontecer. Com este processo eleitoral conturbado, hoje se apresenta o nome de um governo de esquerda. A gente vai ter que se adequar. Seremos oposição. Já somos oposição e vamos, de forma responsável e equilibrada, trabalhar as pautas para o Rio Grande do Sul, de infraestrutura, de educação, de segurança, pautas que eu pretendo definir e que vão trazer reflexos aqui para o Estado. Temos também a intenção de propor uma maior ampliação do modelo cívico-militar, de dar mais visão para pauta da política do câncer infantil, trabalhar questões relacionadas à segurança pública como a maioridade penal, diminuir para 16 anos para crimes contra a vida, por exemplo, a questão da legítima defesa, do uso da arma de fogo, que existe uma narrativa que esse governo de esquerda pretende cercear. E a gente vai estar lá para combater qualquer tipo de cerceamento à liberdade do cidadão e tantas outras pautas que eu acredito que vão surgir também ao decorrer do processo.
JC - Acredita ser possível o novo governo federal retroceder nessa questão do porte de armas?
Zucco - É uma meta de campanha deles. Eles, acredito eu, têm um entendimento que o criminoso, as facções criminosas, essas têm o armamento de grande calibre irrestrito, potentes, mas o cidadão de bem que faz o teste psicológico, que frequenta o clube de tiro, esse não pode. Então, vamos pautar de forma ferrenha contra esse tipo de narrativa, porque se tem alguém que tem que estar armado é o cidadão de bem, a sociedade civil organizada e não o crime organizado. É fato. São números que comprovam que o governo Bolsonaro diminuiu as taxas de homicídio, de latrocínio. As polícias foram fortalecidas. Fruto também de o criminoso saber que hoje em dia ele tem a dúvida se numa esquina, num ambiente fechado ou aberto, vão ter ali cidadãos com seu porte de arma. Então é uma pauta que eu pretendo trabalhar. Vamos junto com mais de 20 deputados que foram eleitos também com a pauta armamentista ser uma voz ativa e forte na Câmara dos Deputados.
JC - A direita terá voz ativa no Congresso, com partidos que conseguiram votações expressiva nas eleições para o legislativo nacional. Como imagina que será a atuação desse espectro no Congresso Nacional?
Zucco - A gente acredita que, com a maioria do Parlamento federal de centro-direita, teremos sim condições de pautar as principais reformas necessárias, os principais pontos que convergem à direita conservadora. Precisamos ter uma reforma tributária, uma reforma administrativa, uma reforma política. Não sei se esse governo de esquerda vai querer avançar com essas pautas necessárias. Como eu disse, para a sociedade brasileira, mas ao mesmo tempo com o Parlamento federal, seja na Câmara dos Deputados como no senado majoritariamente centro-direita, este governo de esquerda terá dificuldades para implementar as barbaridades que eles estão falando. Nós tivemos o maior auxílio emergencial da história do Brasil no governo do presidente Bolsonaro. Trabalhamos uma infraestrutura entregando concessões com modais diferentes do rodoviário, a concessões de aeroportos, de ferrovias, de hidrovias. Acredito que teremos no Congresso uma voz ativa da direita e uma voz atuante, cobrando o resultado do governo federal, não permitindo, como em outrora existiu, casos de corrupção, sendo uma oposição muito forte a esse projeto de poder da esquerda.
JC - Acredita então que não apenas vai ser possível fazer avançar algumas reformas, mas também barrar a agenda do próximo governo?
Zucco - Exatamente. A gente sabe que alguns aproveitadores ficarão pelo caminho. Infelizmente, eu tenho pouco tempo na política, mas haverá tentativas de que deputados venham a apoiar a base de governo. Eu sou totalmente contra tudo que a esquerda prega, sou por um Estado mais enxuto, valorizo as pautas conservadoras, quero que a gente privatize todos aquelas estatais que não estão entregando… então dificilmente terá alguma iniciativa do governo federal que acompanhará o meu apoio. Agora, todos aquelas que, porventura, venham a somar para a sociedade, não tem problema nenhum em apoiar. Mas não é isso que eu acredito. Estou indo para o Parlamento federal otimista de que teremos uma união forte de oposição para que possamos mostrar que a esquerda não tem vez no nosso País. Todos os países limítrofes e países que empregam socialismo, comunismo, não deram certo. Não dão certo. E não é aqui com o PT, com uma sensação de vingança e de poder que será diferente. Nós teremos uma oposição muito forte, muito ferrenha no Congresso Nacional.
JC - O senhor citou combate à corrupção. Qual é o papel de um parlamentar no sentido da fiscalização?
Zucco - Nós temos que ver a composição dos ministérios, das secretarias, verificar quais serão os secretários escolhidos, os ministros escolhidos, quais são os recursos empregados em obras, em estruturas. Nós tivemos casos recentes de corrupção na Lava Jato, no Petrolão, no Mensalão, então é ficar atento. É ficar realmente sabendo que é um governo que tem um histórico, enquanto o governo federal do presidente Bolsonaro elegeu aqui (os seus ministros) Damares senadora, Sergio Moro senador, Marcos Pontes senador, Rogério Marinho senador, Tereza Cristina senadora, general Pazuello deputado federal, Ricardo Salles deputado federal, Tarcísio Gomes de Freitas (em São Paulo) governador do estado com maior PIB do Brasil, general (Hamilton) Mourão senador (do Rio Grande do Sul). E eles têm um histórico, o seu Antonio Palocci preso, José Dirceu preso, José Genuíno preso, Delúbio Soares, Renato Duque, João Vaccari (Neto). Ou seja, enquanto temos a expressão da sociedade por meio do voto legítimo, mostrando que a sociedade quer políticos conservadores de direita, eles estão resgatando nomes para secretarias, para ministérios, que têm como marca casos de corrupção, envolvimentos em situações ilícitas. Eu espero que a gente tenha a continuidade desta grande transformação da política nacional, que a gente possa o mais breve possível colocar no governo federal um gestor de direita, conservador, que valorize a família, que valorize a sociedade brasileira, a pátria, não só a bandeira, mas tudo que ela representa. E que a gente possa também ter o esclarecimento devido de tudo que aconteceu nesse processo eleitoral.
JC - O senhor citou alguns temas que pretende valorizar na sua atuação enquanto deputado federal. Já tem algum projeto?
Zucco - Nós queremos, de alguma forma, ampliar o programa das escolas cívico-militares. Se possível, algo que consiga se transformar em lei, já que era um programa. Pretendemos torná-la uma ação permanente por meio de lei. Na mesma pauta do câncer infantil, que já tem uma lei da política do câncer infantil estadual, inclusive federal, a gente poder trabalhar muito a questão da prevenção, melhorar os números de atenção a esta doença. Ser uma voz ativa junto ao Senado e à Câmara na questão do tempo de mandato para ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), que não pode ser esse tempo praticamente vitalício, que tenha um mandato de um ministro. Como também a presidência do Senado deferir ou indeferir o pedido de impeachment de um ministro do Supremo. São algumas das pautas que me vêm à cabeça.
JC - Como avalia as eleições no Rio Grande do Sul?
Zucco - As eleições estaduais demonstraram que o Rio Grande do Sul é centro-direita. O candidato do PT ficou em terceiro lugar. O candidato da direita saiu vencedor no primeiro turno. No segundo turno (o Leite) usou de uma narrativa mentirosa, porque ele nunca foi, na essência, apoiador do presidente Bolsonaro. Ele usou da estratégia eleitoral para dizer que não era nem de direita e nem de esquerda, não era nem Lula nem Bolsonaro. Nesse sentido ele conseguiu o apoio efetivo da esquerda, tendo inclusive uma bancada da esquerda declarado apoio ao Eduardo Leite, e acabava também não brigando com a direita dizendo que não era contra aqueles que apoiavam presidente Bolsonaro. Teve a sua inteligência estratégica eleitoral, mas ficou claro que o Estado é centro-direita. Nós temos majoritariamente votos centro e direita. Isso nos alegra.
JC - Qual será o destino das emendas parlamentares às quais tem direito?
Zucco - Tenho pretensão de apoiar a pauta das escolas cívico-militares, do combate ao câncer infantil, mas também tenho que analisar tudo aquilo que me foi apresentado, com projetos efetivos, bem feitos. Não projetos de prefeitos, mas projetos de sociedade, de melhoria, de um emprego de infraestrutura. A gente vai ainda começar a trabalhar isso, como não se trabalhava com emenda aqui na Assembleia. É um outro campo que eu ainda não tenho um grande esclarecimento.
JC - Como avalia os protestos que ocorrem desde o resultado do segundo turno da disputa presidencial?
Zucco - Nós devemos sempre trabalhar e pautar a liberdade. A liberdade de expressão, a liberdade de ir e vir; Toda a manifestação ordeira e pacífica eu apoio. Toda e qualquer forma de que o povo queira externar o seu descontentamento deve ser respeitada. Sou totalmente contra qualquer tipo de censura.
 

Perfil

Luciano Lorenzini Zucco nasceu no dia 9 de março de 1974, em Alegrete. É militar da reserva, oficial da cavalaria, no posto de Tenente-Coronel, com atuação no Comando Militar do Sul. Prestou 27 anos de serviço ao Exército e participou de missões de segurança presidencial em mais de 15 países. Possui graduação em Ciências Militares pela Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), além de curso de segurança presidencial no Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República. Também realizou curso de negociação e gerenciamento de crises, além do curso de técnicas policias na Special Weapons and Tactics - Swat (Estados Unidos). Possui pós-graduação e mestrado em Inteligência Estratégica. Nas eleições gerais de 2018, foi eleito deputado estadual com 166.747 votos pelo PSL. Cumpriu mandato de quatro anos e foi autor de nove leis. Filiou-se ao Republicanos em março de 2022. Foi o deputado federal mais votado do Rio Grande do Sul, obtendo nas urnas 259.023 votos.