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Governo do Estado

- Publicada em 09 de Novembro de 2022 às 20:30

'Agenda legislativa do próximo governo não será tão polêmica', avalia vice-governador eleito do RS, Gabriel Souza

 Secretário nacional do partido, Souza defendeu independência do MDB no futuro governo Lula

Secretário nacional do partido, Souza defendeu independência do MDB no futuro governo Lula


Joel Vargas/Divulgação/JC
Diego Nuñez
Diferentemente das eleições nacionais, o pleito do Rio Grande do Sul teve três vias fortes na disputa pelo Palácio Piratini. Os partidos dos principais candidatos - PSDB, do eleito Eduardo Leite; PL, de Onyx Lorenzoni; e PT, de Edegar Pretto - receberam cada um mais de 25% dos votos válidos na majoritária estadual.
Diferentemente das eleições nacionais, o pleito do Rio Grande do Sul teve três vias fortes na disputa pelo Palácio Piratini. Os partidos dos principais candidatos - PSDB, do eleito Eduardo Leite; PL, de Onyx Lorenzoni; e PT, de Edegar Pretto - receberam cada um mais de 25% dos votos válidos na majoritária estadual.
O segundo governo Leite, portanto, poderá enfrentar oposição tanto à esquerda quanto à direita. Isso, porém, não preocupa o vice-governador eleito Gabriel Souza (MDB). "Os dois primeiros ciclos do governos (José Ivo) Sartori (MDB, 2015-2018) e Eduardo (2019-2022) foram de agendas legislativas reformistas e privatizantes. Entendo que essa tarefa de reformas e privatizações foi quase cumprida", afirmou, nesta entrevista exclusiva ao Jornal do Comércio.
Souza ainda defende que o MDB se mantenha independente em relação ao próximo governo federal, durante o terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à frente do Palácio do Planalto, como forma de viabilizar candidatura alternativa de centro para as eleições presidenciais de 2026.
Jornal do Comércio - O senhor é o coordenador político da transição. Como será esse papel?
Gabriel Souza - A orientação que o governador me deu é no sentido de, primeiro, conversar com todos os partidos do primeiro turno, que são seis. Posteriormente, começar a conversar, como conversei hoje (terça-feira), com os partidos que apoiaram formalmente a chapa no segundo turno: PDT, PSB e Solidariedade. Convidando-os a participar da transição e, consequentemente, indicando nomes para compor a transição. Isso não significa que, necessariamente, estarão ou não no governo, mas de fato já é uma sinalização de alguma aproximação que nasceu no segundo turno e aprofundou na transição, podendo ou não continuar para uma eventual participação no governo. Por fim, auscultar as demais bancadas que possam vir a ter convergência conosco. Como parlamentar, tenho mais facilidade em virtude de estar convivendo com os deputados, e entender quais seriam as possibilidades de formação da base.
JC - Por esse trânsito como deputado, o senhor também terá um papel de articulação junto à Assembleia no governo?
Souza - Não posso adiantar qual é o papel específico que eu vou exercer, porque isso não foi conversado entre eu e o governador Eduardo. O governador me designou como coordenador político na transição, que é uma função importante na medida em que se está iniciando um novo governo. Então, não se resume apenas a questão de conversar com os partidos. Eu não tenho definição, mas, o mais importante é que independente da tarefa que vai me caber no próximo governo, eu estou à disposição e quero atuar de maneira ativa para colaborar com o governador Eduardo Leite. Então não depende de ocupar necessariamente secretarias. Na minha visão, o que vai resultar é a atividade que eu possa vir a ter para colaborar com o governador no sentido de ajudar a governar.
JC - A partir da eleição, da maneira como ocorreu, existe a possibilidade de ter oposição de esquerda e de direita ao próximo govenro. Como o senhor vê a nova formação da Assembleia e a governabilidade da próxima gestão?
Souza - Enxergo primeiro que a agenda legislativa do próximo governo não será uma janela legislativa tão polêmica quanto foi a dos últimos dois governos. Os dois primeiros ciclos do governo Sartori e do governo Eduardo foram de agendas legislativas reformistas e privatizantes. Entendo que essa tarefa de reformas de modernização do Estado, de diminuição das despesas e de também diminuição do tamanho do Estado a partir de privatizações, foi cumprida. Se não totalmente, quase que totalmente, ou em grande parte. Então, a próxima agenda legislativa vai ser muito mais uma agenda de busca pelo ganho de eficiência da máquina pública e também de uma agenda legislativa mais voltada para a ação política do governo na sociedade a fim de fazer investimentos, de aproveitar o equilíbrio financeiro obtido nos dois primeiros governos. Então, o terceiro ciclo é um passo adiante que nós estamos dando. Nossa agenda não é uma agenda de voltar atrás, rediscutir coisas. É uma agenda de avançar. Logo, vai ser diferente da agenda dos últimos oito anos. Ao mesmo tempo, vejo que temos amplitude política para conseguir transitar nas bancadas e obter apoio necessário para a nossa base de governo ser uma base sólida. Temos condições de atrair partidos que estavam na oposição do governo Eduardo, como é o caso do PDT, e temos condições de manter boa parte dos partidos que estiveram na nossa base durante o atual período. Sinceramente, não vejo problemas para formar uma boa base.
JC - O MDB é governo aqui no Rio Grande do Sul e, no governo federal, já tem um papel na transição, por meio da senadora Simone Tebet. O partido vai ajudar a articulação do Piratini em Brasília?
Souza - Como primeiro secretário da executiva nacional do partido, considero que o MDB deveria ficar independente no governo (federal). Não para fazer oposição ao governo Lula necessariamente. A bancada é independente, como foi no governo (Jair)Bolsonaro (PL). Não indica institucionalmente cargos no governo e ao mesmo tempo tem independência para se posicionar contrariamente a alguma pauta ou favoravelmente a outra pauta que julgar pertinente. Mas isso possibilitaria a pavimentação para uma via alternativa do partido em 2026. No momento em que o partido participa do governo federal, ele não é necessariamente uma alternativa. Ele pode ter uma candidatura própria. Porém, uma candidatura atrelada e envolvida com a situação. Então, por isso que eu acho que nós deveríamos ficar independentes, pois poderíamos estar apresentando uma alternativa em 2026 de centro, diferente da polarização, que ainda pode persistir de alguma forma ou de outra na próxima eleição. Mas pelo que vi, o MDB nacional decidiu já participar da transição. Inclusive com participação protagonista da Simone Tebet, que foi a minha candidata à presidência da República no primeiro turno. Então, provavelmente o partido vai participar, e eu vou colaborar no ponto de vista da interlocução do Estado do Rio Grande do Sul com a União do jeito que poderei. Tenho certeza que vamos fazer um bom diálogo com o governo eleito.
JC - Como fica o MDB gaúcho após essa eleição que dividiu o partido? Houve quadros que apoiaram o adversário, a chapa de Onyx Lorenzoni. Essa ala do MDB vai ser oposição ao governo?
Souza - Não. O MDB venceu a eleição. Elegeu o vice-governador e vai governar com muito protagonismo. O MDB estava nas reuniões da transição, institucionalmente falando, onde o senador (José) Fogaça, como nosso primeiro vice-presidente, representou o diretório estadual no governo. Então, o MDB ganhou as eleições. Alguns assuntos de infidelidade partidária, quem deve tratar é a direção do partido. Eu não sou da direção do partido, sou um filiado que tive uma missão, que foi concorrer a vice-governador numa decisão da convenção. Concorri. Vencemos. Portanto, da minha parte é olhar pra frente, sem nenhum revanchismo e, ao contrário disso, continuar buscando o que eu semeei: unidade e combate à discórdia. Nos últimos meses não respondi nenhuma ofensa, nenhum ataque. Tive serenidade para manter meu foco na campanha. Agora, o meu foco está voltado para governar o Estado junto com o governador Eduardo.
 
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