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Política

- Publicada em 01 de Junho de 2021 às 15:12

Nise nega proposta para alterar bula da cloroquina e Aziz sugere acareação

Nise Yamaguchi também afirmou que não recebeu convite para chefiar Ministério da Saúde

Nise Yamaguchi também afirmou que não recebeu convite para chefiar Ministério da Saúde


JEFFERSON RUDY/AGÊNCIA SENADO/JC
Agência Estado
Em depoimento à CPI da Covid nesta terça-feira (1), a médica e defensora do tratamento precoce contra a Covid-19 Nise Yamaguchi negou que a proposta de decreto discutida em reunião no Palácio do Planalto fosse para alterar a bula da cloroquina, a fim de que o documento indicasse o remédio para tratara a doença.
Em depoimento à CPI da Covid nesta terça-feira (1), a médica e defensora do tratamento precoce contra a Covid-19 Nise Yamaguchi negou que a proposta de decreto discutida em reunião no Palácio do Planalto fosse para alterar a bula da cloroquina, a fim de que o documento indicasse o remédio para tratara a doença.
O relato da médica contraria os depoimentos dados pelo ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta e pelo presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres. Barra Torres chegou a dizer à CPI que foi deseducado com Nise ao ouvir a sugestão de alterar a bula do medicamento.
Com a divergência nos testemunhos, o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), disse que quer fazer uma acareação entre a médica e o presidente da Anvisa na comissão. Questionada sobre as declarações de Barra Torres e Mandetta, Nise negou diversas vezes que tenha minutado tal proposta, ou que a sugestão de decreto faria tal modificação.
Segundo ela, a minuta tratava da disponibilização do medicamento. "Sendo nesse momento uma dispensação de medicamentos e adesão a tratamento de acordo com consentimento livre e com notificações no site da Anvisa. Não tinha nada a ver com determinação de bula da cloroquina", alegou Nise, que afirmou que irá entregar o documento que prova tal versão.
A declaração da médica voltou a esquentar o clima na comissão. Aziz chegou a dizer que Nise não poderia ter esse papel porque em depoimento à CPI, o presidente da Anvisa teria dito que o ministro Walter Braga Netto teria rasgado o documento ainda durante a reunião.

Posto em ministério

Nise Yamaguchi também afirmou que não recebeu convite para ocupar o cargo de ministra da Saúde nem do presidente Jair Bolsonaro nem de outro membro do Executivo. A médica também descartou ter sido convidada para ocupar outro cargo na estrutura do ministério.
"Ele (Bolsonaro) queria saber o que tinha de dados científicos da hidroxicloroquina e eu fiz a seguir essa reunião com o Conselho Federal de Medicina para caracterizar o que tinha de científico. A dúvida dele era em relação às possibilidade com o que estava acontecendo no mundo", relatou a médica. "O que eu disse para ele (Bolsonaro) é que os médicos estavam divididos e que existia uma discussão sobre a parte científica do medicamento", afirmou.
De acordo com Nise, a participação dela nos esforços do governo federal para conter a crise da Covid-19 esteve restrita à participação em algumas reuniões. Segundo afirmou a médica, os convites partiram de assessores do então ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, e do gabinete presidencial.
"Foi somente aquela reunião onde eu participei desse comitê de crise e depois não houve necessidade e eles não formalizaram. Eu fui uma colaboradora eventual", afirmou. "Não houve um convite formal para o gabinete de crise. Houve um convite para participar daquela reunião pontual. Eu fiz parte dessa discussão daquele dia com relação a isso. Reitero que o presidente nunca me convidou para ser ministra da Saúde", reforçou.
A médica disse que esteve reunida com o assessor da Casa Civil, Élcio Franco, à época secretário-executivo da Saúde e com o então ministro da Saúde Eduardo Pazuello para discutir, entre outros assuntos, os protocolos para o tratamento precoce. Nise afirmou que se reuniu também com o ex-ministro da Saúde Nelson Teich, porém não tratou do uso da cloroquina. Segundo a médica, Teich foi um "excelente gestor", uma vez que garantiu o contrato para as vacinas da AstraZeneca ao País.
Nise apontou também que durante os encontros estiveram presentes também o empreendedor Carlos Wizard e Arthur Weintraub, irmão do ex-ministro da Educação, apontados como integrantes do assessoramento paralelo do presidente. Nise afirmou que nunca conversou com o ex-ministro da Saúde Henrique Mandetta, com o ministro da Economia, Paulo Guedes, ou com o filho do presidente e vereador Carlos Bolsonaro.

Mandetta e Barra Torres 'se equivocaram' sobre decreto de bula

A médica ainda afirmou, durante seu depoimento, que tanto o ex-ministro da saúde Luiz Henrique Mandetta, quanto o presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, se "equivocaram" ao falar sobre a existência de um decreto para mudar o bula da cloroquina.
Sobre este decreto, ambos os depoentes afirmaram à mesma CPI que o texto sugeria a mudança de bula da cloroquina para incluir a Covid-19 nas recomendações de uso do medicamento. Nise negou que esse fosse o caso.
"Eu não entendi que havia até aquele momento uma discussão sobre um decreto. Simplesmente estava conversando sobre a questão da cloroquina e a resolução de excepcionalidade. Eu não discuti inserção em bula por decreto em nenhum momento", declarou a médica.
Nise voltou a afirmar que na reunião que contou com a presença do ex-ministro Mandetta e do presidente da Anvisa, ela apresentou uma minuta que tratava da disponibilização do medicamento durante o período de pandemia. "Não acho que eles tenham mentido", disse a parlamentar sobre as declarações de ambos. "Acho que eles tenham se equivocado. Acharam que a gente quisesse fazer um decreto da bula e não foi isso que aconteceu", declarou.
A divergência já tinha sido apontada durante o testemunho da médica. O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), disse que quer fazer uma acareação entre Nise e o presidente da Anvisa na comissão.
A médica também foi questionada com relação a seus encontros com o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello e afirmou que só conversou com ele duas vezes. "Tive duas reuniões com o ministro Pazuello, uma presencial e outra virtual. Muito rápidas. Exatamente discutindo os tratamentos que estavam sendo feitos e em uma delas ele estava querendo conversar com as outras sociedades médicas. Me dispus a trazer as outras sociedades médicas para uma reunião com ele eventualmente", afirmou a médica.

 

Orientação do presidente sobre visitas a hospitais

Em depoimento, Nise Yamaguchi afirmou que as suas posições defendidas não dependem do presidente Jair Bolsonaro. A médica disse que não é seu papel aconselhar Bolsonaro, em especial, sobre a visita a hospitais.
"Eu não tenho esse grau de influência exceto pelas minhas colocações que são públicas, acadêmicas e baseadas em dados científicos", afirmou.
Sobre as reuniões interministeriais que participou, em abril de 2020, a médica afirmou que as mortes em decorrência da doença não foram abordadas nos encontros. Nise também descartou ter conversado sobre a necessidade de isolamento social ou a utilização de máscaras pela população. De acordo com Nise, a reunião que participou tratou da importação de equipamento de proteção individual (EPI).
Nise disse que não pretende se vacinar contra a Covid-19 por ser portadora de uma doença autoimune que atinge o sistema circulatório e que, por isso, estaria no grupo de pessoas que não podem receber o imunizante. À CPI, a médica disse que já teve a Covid-19.
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