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eleições 2018

- Publicada em 12 de Setembro de 2018 às 21:43

Candidatos ao Senado divergem sobre aborto

Tá na Mesa com os pretendentes ao Senado abordou temas polêmicos

Tá na Mesa com os pretendentes ao Senado abordou temas polêmicos


/CLAITON DORNELLES/JC
O primeiro debate com os candidatos às duas vagas ao Senado, organizado pela Federação das Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul), foi além da crise econômica e da discussão do Regime de Recuperação Fiscal, abordando temas polêmicos pouco mencionados na campanha até agora - como por exemplo o aborto e o casamento homoafetivo. Sem a presença de nenhuma candidata mulher, os cinco participantes divergiram quanto à descriminalização do aborto, um assunto caro aos movimentos que militam pela igualdade de gênero. Todos concordaram com a união homoafetiva.
O primeiro debate com os candidatos às duas vagas ao Senado, organizado pela Federação das Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul), foi além da crise econômica e da discussão do Regime de Recuperação Fiscal, abordando temas polêmicos pouco mencionados na campanha até agora - como por exemplo o aborto e o casamento homoafetivo. Sem a presença de nenhuma candidata mulher, os cinco participantes divergiram quanto à descriminalização do aborto, um assunto caro aos movimentos que militam pela igualdade de gênero. Todos concordaram com a união homoafetiva.
Dos 15 candidatos a senador, participaram da edição especial de eleições do Tá na Mesa os dois candidatos da coligação que busca a reeleição do governador José Ivo Sartori (MDB): Beto Albuquerque (PSB) e José Fogaça (MDB). Também compareceram os dois nomes da chapa liderada pelo ex-prefeito de Pelotas Eduardo Leite (PSDB): Mario Bernd (PPS) e Luis Carlos Heinze (PP). O único representante de centro-esquerda foi o senador Paulo Paim (PT), que compõe a candidatura majoritária petista, em torno do candidato a governador Miguel Rossetto (PT).
No início do evento, a presidente da Federasul, Simone Leite, que mediou o debate, explicou que o convite foi feitos aos cinco candidatos mais bem posicionados, segundo critérios de "posicionamento nas pesquisas", "coligações" e "bancada de deputados federais". "Infelizmente, não temos nenhuma mulher representando a presença feminina na política", lamentou Simone, antes de dar início ao primeiro bloco.
De manhã, a candidata a senadora pelo PCdoB, Abigail Pereira, havia reclamado da mesma coisa. Ela emitiu uma nota questionando um dos critérios adotados - o da representatividade. "Pelo menos um dos partidos de um candidato, o PPS, tem menos representatividade na Câmara que o PCdoB. O PPS tem 12 deputados no total. O PCdoB, 15."
O debate começou pouco depois do meio dia, enquanto os garçons serviam o almoço nas mesas do salão do Palácio do Comércio, ocupadas por empresários, assessores políticos, autoridades e alguns jornalistas. No terceiro bloco, quando Simone Leite anunciou que os candidatos teriam quatro minutos para se posicionarem sobre o aborto, o casamento homoafetivo, a redução da maioridade penal e o estatuto do desarmamento, alguns convidados chegaram a sussurrar: "só temas espinhosos".
O único tema unânime entre os candidatos foi o casamento homoafetivo, ao qual nenhum dos candidatos se posicionou contrariamente. Até mesmo os representantes de partidos mais conservadores - como Heinze, do PP, por exemplo - manifestou concordância com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que reconheceu o direito do casamento civil aos casais homossexuais.
Quanto aos outros temas, o primeiro a responder foi Fogaça. Ele disse que era a favor da lei atual que regula a posse de armas, apesar de defender a facilitação para moradores de zonas rurais ao porte de armas. Por outro lado, se manifestou contra a redução da maioridade penal. Quanto ao aborto, disse que não aprovava sua regulamentação por motivos religiosos.
"Sou contrário ao aborto por motivos religiosos. Mas creio que é possível uma mudança na lei, não para alterar as regras de proibição, mas para incluir o atendimento médico à gestante no SUS. No caso, para as mulheres que praticam o aborto sem assistência e correndo um perigosíssimo risco de vida."
Paulo Paim respondeu na mesma linha. "Não podemos liberar total (o aborto). Mas podemos aprimorar a lei, sim. Não é justo que mulheres pobres morram por causa de abortos ilegais", falou. 
O petista também se manifestou contrário à redução da maioridade penal e à flexibilização do acesso às armas. "Não vejo por que alteraríamos uma lei que está aí (o Estatuto do Desarmamento). Acreditamos que dando armas aos cidadãos vamos reduzir a violência? Não é assim", criticou.
Mário Bernd - que é médico - foi o único que defendeu a legalização do aborto. "Se o homem pudesse ser gestante, a lei que descriminaliza o aborto já tinha sido aprovada há muito tempo", disse - sendo bastante aplaudido pelo público feminino da Federasul. E complementou: "Esse não é um assunto religioso".
O candidato do PPS também disse que, "antes de pensar em reduzir a maioridade penal, o Estado deveria construir presídios que realmente ressocializem os detentos que são recuperáveis, e construir presídios de segurança máxima para os sociopatas que não são recuperáveis". Se manifestou contra o Estatuto do Desarmamento.
Beto Albuquerque defendeu a posse de armas em casa, mas disse ter dúvidas em relação ao porte na rua. Quanto à redução da maioridade penal, admitiu que aceita discuti-la nos casos de crimes hediondos. "Não concordo que o aborto seja um método contraceptivo. Mas esse negócio de criminalizar a mulher, ignorando que é um problema de saúde pública, também não é o caminho", opinou.
Heinze revelou que é a favor da redução da maioridade penal e do porte de armas. Ele criticou o estatuto do desarmamento, pois, hoje, "ninguém consegue o porte de armas, por conta dos inúmeros complicadores". Ele também se posicionou contrário ao aborto. Ao final da atividade na Federasul, Heinze concedeu uma coletiva de imprensa no seu escritório político para manifestar apoio ao candidato à Presidência do PSL, Jair Bolsonaro, divergindo da orientação partidária estadual, que apoia o tucano Geraldo Alckmin e sua vice, a senadora gaúcha Ana Amélia Lemos (PP).
A direção do PP gaúcho diz que respeita a posição individual de Heinze, que chegou a ser lançado candidato ao Palácio Piratini pela sigla, mas diante da articulação nacional, teve de desistir da disputa.

Mário Bernd direcionou críticas a Paulo Paim

O candidato ao Senado pelo PPS, Mário Bernd, direcionou suas críticas ao adversário petista, senador Paulo Paim, em praticamente todas as vezes que se pronunciou na Federasul. Além de criticar o petista por ter votado contra a reforma trabalhista, Bernd tentou relacionar a imagem de Paim a do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), preso em Curitiba. "O Paim é o candidato do presidiário", gritou em certo momento. Na maioria das vezes, o petista ignorou as críticas de Bernd. Mas, quando foi sorteado para falar depois das considerações finais do candidato do PPS, Paim revidou com bom humor. Batendo às costas de Bernd, brincou: "O Mário usou o tempo dele para falar do PT. É apaixonado pelo PT? Como vai ser senador se só fala do PT?" E prosseguiu, falando sobre a dívida do Estado com a União.