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eleições 2018

- Publicada em 29 de Agosto de 2018 às 22:42

Gomes quer geração de emprego para combater a violência

Candidato diz que Polícia não pode ser 'garantia da propriedade dos capitalistas'

Candidato diz que Polícia não pode ser 'garantia da propriedade dos capitalistas'


CLAITON DORNELLES /JC
Um dos dois candidatos ao Senado pelo PSTU, João Augusto Gomes defende a realização de mais obras públicas como forma de geração de emprego, assim como a construção de um maior número de creches comunitárias. Funcionário dos Correios, ele critica o que chama de "sucateamento" da instituição, que em sua visão é feita com o propósito de privatizar os serviços mais lucrativos, como transporte de carga.
Um dos dois candidatos ao Senado pelo PSTU, João Augusto Gomes defende a realização de mais obras públicas como forma de geração de emprego, assim como a construção de um maior número de creches comunitárias. Funcionário dos Correios, ele critica o que chama de "sucateamento" da instituição, que em sua visão é feita com o propósito de privatizar os serviços mais lucrativos, como transporte de carga.
Em mais uma entrevista da série do Jornal do Comércio com os candidatos ao Senado pelo Rio Grande do Sul, Gomes defendeu a desmilitarização da polícia, além de se manifestar a favor do porte de armas - uma bandeira que diferencia o PSTU de outros partidos de esquerda.
Jornal do Comércio - O que o senhor vai fazer pelo Rio Grande do Sul se eleito senador?
João Augusto Gomes - A nossa candidatura primeiramente tem a ver com as demandas da classe trabalhadora e as suas necessidades, e aí, neste sentido, tendo em vista o crescimento bastante grande do desemprego em todo País, a nossa primeira medida é atacar o desemprego. Nós achamos que há a necessidade de um grande número de obras públicas para que se acabe com o desemprego, até porque o desemprego é uma das grandes situações que leva a classe trabalhadora a questão de carestia, de falta de saúde, de violência, vem tudo a partir da questão da inexistência do emprego.
JC - Quais são as possíveis políticas públicas para maior criação de emprego?
Gomes - Você tem no País uma grande deficiência, por exemplo, na construção de creches comunitárias, que possam servir às mães trabalhadoras, para poder deixar seus filhos para trabalhar. Isso já é uma grande possibilidade de você conseguir empregar um número suficiente de trabalhadores que hoje não tem emprego, a partir da construção dessas creches. Tem deficiência de hospitais, casas de saúde, pronto-socorro. Na saúde há grande deficiência e é só andar aí pela periferia das cidades que se percebe claramente essa situação.
JC - O senhor trabalha nos Correios, que estão passando por um período de crise. Como isso afeta o Rio Grande do Sul?
Gomes - Esse debate todo em relação a sucateamento e privatização dos Correios é um debate de longa data, mas ele cresce ao momento que você tem crise financeira. Hoje você tem, em boa parte do País, a aplicação de um método de diminuição drástica do número de carteiros. Não estão sendo contratados trabalhadores novos, não existe concurso desde 2011, você vai ter uma diminuição do número de carteiros de no mínimo um terço e isso afeta a categoria, e também afeta a população. Hoje você vai ter aqui em Porto Alegre uma situação de que o carteiro vai passar um dia sim e um dia não. Você tem também a situação de má administração. Ao longo dos anos, as gestões foram muito acidentais, digamos assim. Você teve, em curto período de tempo, a mudança de presidente dos Correios quase que a cada seis meses, isso não tem gestão que consiga segurar.
JC - A quais motivos o senhor atribui esses problemas enfrentados pelos Correios?
Gomes - Você vai ter uma experiência de privatizações no País que vem se modernizando na ótica capitalista. Tem uma privatização que é vender a empresa como um todo, como se teve com Collor e FHC. As empresas vendidas lá tinham produção primária, enquanto o correio é mais serviço, então tem partes que interessa à iniciativa privada e tem partes que não, e aí que é o xis da questão. A parte que não interessa é a parte social, da correspondência simples, do documento bancário que você recebe em casa. A parte que interessa e que dá lucro é o Sedex, é o transporte de carga qualificada. Evidentemente que a intenção do governo é entregar o filé para a iniciativa privada, e esse filé significa o transporte da carga, a parte da empresa que dá lucro maior em relação ao serviço de caráter mais social. É sucateamento dentro de uma ótica de privatização, tendo em vista que o capitalismo faz com que a classe trabalhadora pague pelos prejuízos da burguesia. 
JC - De que forma o senhor pretende enfrentar a questão da segurança pública e da criminalidade?
Gomes - Se você for ver a situação da intervenção militar no Rio de Janeiro, no que resultou? Não acaba com a criminalidade, não acaba com a questão do tráfico de drogas, inclusive resulta em morte de soldados. Todo o empenho do ponto de vista da segurança pública a partir de uma ótica policialesca não resolve o problema. Primeiro que o problema é uma questão social. Você tem mais desemprego, mais violência. Se você for pegar a lei antidrogas votada no governo da Dilma, você vai ver que o número de presidiários saltou. Se passou a prender Deus e todo mundo que foi pego com um baseado na mão. Só que, por outro lado, o tráfico continua, e quem se prende? O jovem negro da favela, da periferia. Nós defendemos que a polícia precisa ser desmilitarizada. Ela precisa ter direito como todo e qualquer outro trabalhador tem direito, como associação de sindicato, de poder eleger seus superiores. Ela não pode continuar sendo isso que é hoje, que é o papel de garantia do status quo, garantia da propriedade dos capitalistas e evidentemente contra a classe trabalhadora.  
JC - O que pensa sobre o porte de armas para a população?
Gomes - Na nossa opinião, todo e qualquer trabalhador deveria ter o direito de ter porte de arma. Até porque, do ponto de vista do socialismo que a gente trabalha como norte de militância política, nós defendemos que tenha o armamento da população, a autodefesa, proteger a comunidade, para, se for necessário, se levantar em armas contra quem os agride - do ponto de vista da razão, da socialização das coisas, democrático e evidentemente em defesa da vida. O que existe hoje é contra a vida. Se ver o número de feminicídios, o número de negros presos, a questão dos cortes de direitos, de idosos que não têm para onde ir, a falta de creches, você vê que o capitalismo age do ponto de vista de matar as pessoas, de ser contra a vida. Somos a favor da vida.

Perfil

João Augusto de Moraes Gomes tem 49 anos e é natural de Passo Fundo. Filiado ao PSTU desde a fundação do partido em 1992, é agente postal dos Correios e membro da secretaria de imprensa do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos do Estado (Sintec-RS), atualmente incompatibilizado para concorrer às eleições. Concorreu a vereador em Porto Alegre em 2012 e a deputado estadual em 2014, sem sucesso. É casado e tem uma filha, Ana Julia. Junto com a professora Marli Schaule, Gomes é um dos candidatos ao Senado Federal pela chapa pura do PSTU, que lançou Júlio Flores como candidato do partido ao governo do Rio Grande do Sul.