Motivados pelo episódio envolvendo a demora do atendimento aeromédico a um menino de três anos que caiu da sacada de um hotel em Capão da Canoa, na terça-feira, representantes do Conselho Estadual de Secretários Municipais de Saúde (Cosems-RS) se reuniram ontem com o secretário estadual da mesma pasta, João Gabbardo dos Reis.
Foram 2h54min entre o primeiro pedido e o fim do translado da criança do Litoral Norte a Porto Alegre. O serviço aconteceu em um veículo cedido pela Brigada Militar, com acompanhamento da médica responsável pelo atendimento da criança.
De acordo com Marcelo Bósio, secretário de Saúde em Canoas e presidente do Cosems-RS, a criação do atendimento aeromédico se deu frente a uma necessidade do serviço. Também foi solicitada pelos municípios a aquisição de dois helicópteros para este fim, no ano passado. Na época da elaboração do projeto, se estabeleceu um convênio com Imbé, com abrangência estadual e regulação do serviço feita pelo Samu ou pela Central de Leitos do Estado.
Na reunião, Bósio disse que os municípios entendem a necessidade de realizar ajustes da execução do serviço. “Não temos problema para sentar com o Estado e construir uma proposta diferente do que foi pactuada”, declarou. “É um serviço essencial para a comunidade, que não pode ficar desassistida”.
O assunto tomou conta dos parlamentos estadual e municipal em Porto Alegre. Deputados e vereadores utilizaram a tribuna para criticar a demora no atendimento prestado ao menino e a iminência de extinção do serviço.
Valdeci Oliveira, deputado estadual pelo PT, comunicou que encaminhou solicitação de esclarecimentos ao governo sobre a continuidade ou não do serviço aeromédico. Alexandre Postal (PMDB), líder do governo na Assembleia Legislativa, criticou a tentativa de exploração política do incidente.
Na Câmara Municipal, o vereador Engenheiro Comassetto (PT) criticou os cortes de gastos que têm sido praticados no Estado. Ele citou como exemplo a falta de um helicóptero qualificado para realizar o transporte do menino, enquanto o governador José Ivo Sartori (PMDB) utilizou verba pública no aluguel de um helicóptero para ir a um evento não oficial. O vereador Idenir Cecchim (PMDB) rebateu a crítica, alegando que figuras públicas como presidente e governador “têm que andar de avião e helicóptero, sim”.
Também a deputada estadual Manuela d’Ávila (PCdoB) se manifestou, solicitando à Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Assembleia Legislativa a realização de uma audiência pública para tratar do tema. Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) afirma que o atendimento aeromédico continua sendo prestado pelo helicóptero da Brigada Militar, e que aguarda que o fabricante entregue dois helicópteros adquiridos
O estado de saúde do menino argentino Thiago Baez Cichanowski, de três anos, continua grave. Ele se encontra na UTI Pediátrica do Hospital de Pronto Socorro (HPS) de Porto Alegre. Na terça-feira, o menino caiu da sacada do terceiro andar de um hotel no município de Capão da Canoa, no Litoral Norte.
Ele sofreu traumatismo craniano e diversas escoriações. Na manhã de ontem, foi submetido a uma nova tomografia, na qual houve a constatação de que ainda não ocorreu alteração em seu quadro de saúde. A criança está respirando com ventilação mecânica e está recebendo monitoramento constante das equipes da Unidade de Terapia Intensiva.