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Entrevista Especial

- Publicada em 13 de Agosto de 2012 às 00:00

Jocelin cobra ações da União e do Estado para a Capital


JONATHAN HECKLER/JC
Jornal do Comércio
O Jornal do Comércio inicia, na edição de hoje, a série de entrevistas com os candidatos à prefeitura de Porto Alegre. Escolhido por sorteio, Jocelin Azambuja, do PSL, é o primeiro entrevistado. Jocelin concorre pela coligação Renova Porto Alegre (PSL-PSDC) e tem como principal ponto, em seu programa de governo, a defesa de melhorias para a educação.
O Jornal do Comércio inicia, na edição de hoje, a série de entrevistas com os candidatos à prefeitura de Porto Alegre. Escolhido por sorteio, Jocelin Azambuja, do PSL, é o primeiro entrevistado. Jocelin concorre pela coligação Renova Porto Alegre (PSL-PSDC) e tem como principal ponto, em seu programa de governo, a defesa de melhorias para a educação.
Entre suas propostas, está a federalização dos professores da rede municipal. O candidato sustenta que, como a União concentra a maior fatia do bolo tributário e não cumpre com a destinação de recursos para a área, deveria também arcar com as despesas do magistério, que nessa hipótese, teria seu plano de carreira garantido. Com isso, o município poderia destinar mais recursos para outros setores deficitários.
Jocelin garante que, se chegar ao Paço Municipal, liderará um movimento para que os governos estadual e federal façam os investimentos determinados na Constituição para as áreas da saúde e da educação.  Para resolver os problemas de mobilidade, Jocelin aposta na diversificação de meios de transporte.
O candidato do PSL pretende ampliar o número de ciclovias e o atendimento feito através do Catamarã, especialmente através de linhas para moradores da zona Sul. E também quer retomar o projeto do aeromóvel. Nesta entrevista, ele ainda explica sua proposta para a segurança. E diz que aposta na mobilização da militância nas redes sociais para subir nas pesquisas de intenção de voto.
Jornal do Comércio – Quais são suas credenciais para assumir a prefeitura?
Jocelin Azambuja - Primeiro, sou daqui e morei toda a minha vida em Porto Alegre. Percorri toda a cidade fazendo palestras em colégios públicos e privados e, depois, organizei encontros nacionais e internacionais. Por outro lado, a minha experiência como vereador, por oito anos, me deu condições de conhecer mais profundamente o Legislativo e o Executivo, e também a experiência de vida, que conta muito hoje. O meu slogan é o mesmo desde a primeira campanha: educação é a solução, já que é a única coisa em que acredito para resolver nossos problemas. Não temos mais um ensino de qualidade. 
JC – Como mudar isso?
Jocelin - Na educação, o prefeito tem que ter uma nova postura. Tenho achado que, ao longo da história, os nossos prefeitos, independentemente do partido, têm se omitido demais na gestão da cidade. O prefeito tem que ter a voz de comando, seja na área de segurança, de educação ou de saúde, que são os principais elos de preocupação da sociedade. O prefeito não pode dizer que vai cuidar somente das escolas municipais, porque em Porto Alegre existem escolas estaduais onde estudam porto-alegrenses que também fazem parte da minha responsabilidade. Vou encabeçar um movimento para federalizar todos os professores, é a única saída que nós temos no país hoje. Quero que os professores municipais e estaduais, respeitados seus planos de carreira, sejam todos federalizados e ganhem um salário digno. Essa foi a saída conseguida pela Inglaterra, por exemplo. Somos um País que aplica apenas 4% do PIB em educação, uma situação vergonhosa. Quero projetar Porto Alegre para 2050, no mínimo, e não para agora. Então, temos que fazer um investimento profundo. Nas escolas municipais, por exemplo, temos que reavaliar o processo dos ciclos porque eles não estão dando o resultado que era esperado. Os professores do munícipio são qualificados, têm uma remuneração melhor, a maioria tem pós-graduação, mas o sistema pedagógico não nos ajuda em nada. Este sistema foi implantado sem estudo prévio. Os professores não conseguem completar os conteúdos ou eles são transmitidos muito velozmente e ninguém aprende nada, falta carga horária. Nas séries iniciais, o problema é que não se consegue uma alfabetização adequada. Temos que avaliar o sistema de ciclos sem ideologias.
JC – Acha que é viável federalizar os professores? O prefeito não ficaria muito dependente da boa vontade da União?
Jocelin - Em primeiro lugar, vou liderar um movimento para reverter esse quadro de dependência que o município tem com o governo federal. Temos que rever a distribuição de impostos nesse País, além de reduzir a carga tributária. O governo federal disse que vai construir creches para todo mundo no Brasil, então não vou ter problemas quanto a essa parte, as creches e as escolas infantis vou cobrar da presidente Dilma (Rousseff, PT). E vou fazer os projetos de escolas que estão faltando e levá-los para o governo. Falta cobrança, e isso as pessoas têm medo de fazer. Os prefeitos não cobram nada, eles vão lá mendigar e pedir. Temos também que diminuir a máquina pública, os cargos em comissão (CCs) da prefeitura, no mínimo, em 50%. E ainda diminuir o número de secretarias. Com isso, evidente que sobrará dinheiro para investir nas áreas essenciais. Se a segurança, por exemplo, não funcionar, eu vou cobrar das autoridades aquilo que é direito da minha cidade. Quero ter um gabinete de inteligência junto ao meu e vou comandar a segurança na Capital.
JC – Como funcionará?
Jocelin - Será uma cooperação entre Polícia Civil, Polícia Militar, etc. Não podemos admitir que quando botamos câmeras na cidade, desapareçam brigadianos das ruas. O governo do Estado também vai ter que dar o efetivo de 5 mil homens para Porto Alegre. Quero os brigadianos nas ruas e delegacias de Polícia em todos os bairros. Temos também que ter um novo conceito de bairro, ele é o local onde tem que ter a unidade básica de saúde, uma delegacia de polícia, uma escola municipal e uma estrutura cultural. A saúde é a mesma coisa, temos 46 bairros que não têm uma unidade básica de saúde. As pessoas correm para os hospitais, que são serviços de emergência, porque elas não conseguem uma consulta. Se o atendimento fosse melhor, não teríamos esse problema todo que temos hoje de superlotação dos hospitais. Temos uma grave dificuldade de gestão, faltam pessoas com qualificação para certas funções, e isso afeta a administração. Sem gestão, nada funciona. O governo estadual não cumpre a Constituição estadual, e vou cobrar do governador Tarso Genro (PT) que ele cumpra. Ele tem que cumprir com o que ele reclamou dos outros e criticou tantas vezes. Vou cobrar que o governo estadual construa as unidades básicas de saúde na cidade. Não podemos viver em uma cidade em que 60 mil consultas não são realizadas porque as pessoas não compareceram às consultas. Falta gestão.
JC – Qual é sua proposta para resolver os problemas de transporte e trânsito?
Jocelin - É essencial que tenhamos novas alternativas de transporte em Porto Alegre. Fiz 10 projetos de lei de ciclovias entre 1993 e 1996 mostrando que a gente pode ir da zona Sul à zona Norte de bicicleta sem nenhuma lomba. Nunca ninguém quis fazer a ciclovia. Agora, descobriram que é importante. A ciclovia é importante para utilizarmos como meio de transporte para o trabalho ou para as universidades e escolas. Temos que ter o Catamarã integrado ao transporte coletivo, fazendo linha regular em Porto Alegre, do Centro da cidade aos bairros Tristeza, Ipanema, Ponta Grossa, Belém Novo e Lami. O Catamarã hoje faz a travessia Porto Alegre-Guaíba em 20 minutos, ele pode fazer do Centro até a Ponta Grossa em 15 minutos. Os barcos em Paris e em Londres fazem o transporte tranquilamente pelo Sena e pelo Tâmisa, tem até táxi-barco. Aqui não usamos. Temos um rio maravilhoso e não usamos a costa. Então, é importante a passagem integrada. Outra coisa é o aeromóvel parado - sinto vergonha. Quero fazer a linha do aeromóvel por cima do riacho Ipiranga, despoluindo também o riacho, até o campus Agronomia da Ufrgs, e ali fazer uma grande estação de transbordo. Todos os ônibus que vêm de Viamão terão o fim da linha neste local e não entrarão mais na cidade. Em 1996, fui contra a proposta de retirada da rodoviária do local onde ela está, é muito bem localizada e atende a toda a população que pode ir de ônibus para a rodoviária. Propus uma estação metropolitana para os ônibus da grande Porto Alegre junto à estação do Trensurb na frente do aeroporto. Não quero mais ônibus da Grande Porto Alegre circulando dentro da cidade e congestionando o trânsito.
JC - O senhor promete reduzir o custo da passagem, como?
Jocelin – Para a redução do custo do transporte, temos a possibilidade de diminuir as isenções. Hoje, por exemplo, 20% das passagens estão envolvidas no processo de isenção. Em primeiro lugar, temos que recadastrar todos os portadores de necessidades especiais para vermos a quantidade que está sendo utilizada, quem está utilizando, se está sendo utilizada corretamente. Em 1994, fiz uma alteração na lei e transferi esse poder que era só da Apae para seis entidades, e fizemos um cadastramento. Temos que verificar isso, temos que revisar todo esse processo de isenções. Poderíamos racionalizar, ter horários diferenciados para ingresso e saída, turnos diferenciados nas áreas pública e privada para ocupar melhor o transporte, desafogar a cidade. Está faltando planejamento.
JC - No Orçamento Participativo, a habitação tem sido apontada há anos como a prioridade da população. Como resolver esse déficit?
Jocelin - Em primeiro lugar, acho que temos que fazer habitação popular vertical, e não horizontal como é hoje. A cidade está se alongando cada vez mais, porque queremos só construir casas para as pessoas em vez de edifícios. As pessoas pobres vão morar em casinhas, e as de classe média vão morar em conjuntos residenciais de dez blocos. Temos que racionalizar o espaço urbano, que custa caro, e concentrar mais em núcleos. Tem o fator custo para construir. Uma coisa é construir uma casa em uma unidade habitacional, e outra é construir um prédio. E, com os espaços todos juntos, as pessoas vão ter escola próxima, posto de polícia, unidade básica de saúde e, quanto mais alonga a cidade, mais dificuldade para trazer segurança, para dar atendimento de saúde. Tem que construir em estruturas a que possa adequar isso, esse custo para a cidade tem que ser revisto.
JC – Seu nome aparece entre os últimos nas pesquisas e terá pouco tempo de TV. No que aposta para compensar a falta de exposição?
Jocelin - Temos um diferencial que os outros partidos não tem. Nossos partidos têm pessoas idealistas e isso multiplica as pessoas por dez, no mínimo, diferentemente das siglas tradicionais, que de repente têm militância paga, cargos de confiança que vão trabalhar no fim de semana. Trabalhamos com ideias. Então, vamos compensar com as nossas propostas novas e concretas para a cidade. Hoje em dia, temos as redes sociais, que se mostram uma ferramenta igual para todos os partidos, independentemente do tamanho. Temos os sites para que as pessoas pesquisem sobre o candidato, uma possibilidade de fazer com que, através da internet, a gente possa compensar aquilo que a gente não tem em termos de tempo de TV. Os eleitores estão cansados dos partidos políticos, não acreditam mais neles, então, passam a acreditar nas pessoas. O ideal seria que acreditassem nos partidos, mas como eles não têm posto na prática o seu discurso, as pessoas não confiam. Tanto eu quanto o meu vice somos pessoas qualificadas, sabemos da nossa história, estamos preparados para assumir Porto Alegre.

Perfil

Jocelin Azambuja, 61 anos, é natural de Porto Alegre. Iniciou os estudos no Colégio Estadual Vitor de Britto. Terminou o antigo Ginásio no Colégio Estadual Inácio Montanha, onde teve sua primeira experiência com a atividade política, presidindo o grêmio estudantil de 1966 a 1968. Trabalhou como representante comercial. Ingressou no curso de Direito da Pucrs em 1979, graduando-se em 1983. Desde então, exerce a advocacia. Em meados dos anos 1980, filiou-se ao PDT, partido pelo qual concorreu em 1990 a deputado estadual. Depois, migrou para o PTB, legenda pela qual se elegeu vereador na disputa de 1992. Assumiu um assento na Câmara da Capital como suplente entre 1996 e 2000. Foi líder de bancada e presidente e vice-presidente da Comissão de Educação e Cultura. Atualmente, comanda a Câmara de Fomento das Relações entre Brasil e Rússia. É presidente da Executiva municipal do PSL. Mora no bairro Menino Deus há 31 anos, mas já viveu no Nonoai. Seu locais preferidos na cidade são os parques Marinha do Brasil e da Harmonia, onde pratica esportes e realiza atividades de lazer nos finais de semana.

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