As articulações para a formação de alianças na eleição pela prefeitura de Porto Alegre se intensificaram em março. O PTB, que integra o governo José Fortunati (PDT), formalizou na quarta-feira que apoiará o projeto de reeleição do pedetista.
O DEM, que não está na atual gestão, já lançou a pré-candidatura do deputado estadual Paulo Borges, e projeta uma chapa em parceria com o PSDB.
São posições que seguem a lógica da política na Capital gaúcha, não fosse pelo fato de DEM e PTB terem firmado, em 2010, uma parceria que os dirigentes dos dois partidos garantiam que seria mantida na disputa deste ano e chegaria à eleição de 2014 ao Palácio Piratini.
No pleito de 2010, a chamada Aliança Democrata Trabalhista valeu para a disputa proporcional à Câmara de Deputados - para a Assembleia, as siglas disputaram separadas e não lançaram candidatos a governador e senador. A ideia era fortalecer os partidos ao longo desses quatro anos.
Os presidentes estaduais das siglas chegaram a exibir, lado a lado, a bandeira da agremiação parceira durante a convenção do Democratas realizada no auditório Dante Barone da Assembleia Legislativa em junho de 2010 - Luís Augusto Lara (PTB) exibiu a logomarca do DEM e Onyx Lorenzoni (DEM) a do PTB.
Mas o acordo já foi esquecido nessa eleição, tanto que o PTB não faz qualquer referência ao DEM e vice-versa. Questionado pela reportagem sobre o acordo firmado há dois anos, após ter anunciado apoio a Fortunati, o presidente do PTB de Porto Alegre, vereador Elói Guimarães, teve dificuldades para se lembrar da parceria.
Para Onyx, a entrada do PTB no governo Tarso Genro (PT) inviabilizou a continuidade da aliança. “Com a participação do PTB no governo Tarso, a aliança se dissolveu. O objetivo em 2010 era que os dois partidos agissem conjuntamente em relação ao governo que iria se instalar”, observou.
Atualmente, três petebistas comandam secretarias da administração estadual: Luís Augusto Lara (Trabalho e Desenvolvimento Social), Luiz Carlos Busato (Obras Públicas) e Maurício Dziedricki (Economia Solidária e Apoio à Micro e Pequena Empresa).
De acordo com o presidente estadual do DEM, os partidos tinham planos a longo prazo, mas a permanência do acordo prejudicaria as duas legendas. “Tínhamos a perspectiva de trabalharmos juntos no futuro, só que isso pressuporia o PTB ter ficado na oposição, ou no máximo independente. A entrada do PTB no governo Tarso desfez a aliança ao natural porque haveria um conflito permanente. Eles escolheram um caminho e o que nos cabe é respeitar.”
Mesmo com a aliança rompida entre DEM e PTB, Onyx Lorenzoni observa que continuam boas as relações dos dois partidos. “Nós continuamos amigos, o único problema é que no momento não é possível caminharmos juntos. Caminhamos juntos no governo (Antônio) Britto (PMDB, 1995-1998), no governo de (Germano) Rigotto (PMDB, 2003-2006), mas não dá para caminhar junto no governo do Tarso Genro.”
Onyx prevê ainda uma retomada do acordo somente se o PTB se desvincular ao governo Tarso. “Quando 2014 vier, vamos ver o que o PTB vai quer fazer.”
O presidente estadual do PTB, Luís Augusto Lara, foi procurado para comentar o assunto, mas não retornou às ligações da reportagem.