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Partidos

- Publicada em 05 de Outubro de 2011 às 00:00

Mais novo partido do Brasil, PPL foi criado por membros do MR-8


Jornal do Comércio
Mais de 40 anos depois de ter sido criado para combater a ditadura, o Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8) funda seu partido político: o Partido Pátria Livre (PPL), cujo pedido de registro foi deferido na terça-feira (4) pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Muitos dos membros do partido são dissidentes do PMDB, que começou a acolher militantes do MR-8 em suas bases já no início da década de 1970. A fundação do PPL, no entanto, não é produto de qualquer conflito do movimento com os políticos do maior partido do Brasil, mas sim da crise internacional, desencadeada em 2008.
Mais de 40 anos depois de ter sido criado para combater a ditadura, o Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8) funda seu partido político: o Partido Pátria Livre (PPL), cujo pedido de registro foi deferido na terça-feira (4) pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Muitos dos membros do partido são dissidentes do PMDB, que começou a acolher militantes do MR-8 em suas bases já no início da década de 1970. A fundação do PPL, no entanto, não é produto de qualquer conflito do movimento com os políticos do maior partido do Brasil, mas sim da crise internacional, desencadeada em 2008.
 
"Pelo que a gente conhece do Brasil, nosso país sempre conseguiu se desenvolver quando se abriram crises internacionais. Foi nessas fases que o projeto de nação possibilitou que o país se desenvolvesse. Hoje, com a profunda crise internacional do capitalismo, nós sentimos que é o momento de se abrir uma possibilidade de se desenvolver. Achamos que era necessário criar um partido que fosse mais definido nessa questão", afirmou o presidente regional do partido no Rio de Janeiro, Irapuan Santos, que entrou no MR-8 em 1977 e chegou a se candidatar a vereador pelo PMDB em 2008, naquela que foi sua primeira e única experiência nas urnas.
 
O MR-8 vinha funcionando como um núcleo informal do PMDB desde a década de 1970. Irapuan, junto com outros colegas, saiu do partido há dois anos, quando começou a trabalhar na criação do PPL. Segundo ele, por mais que a maioria das pessoas filiadas ao partido venha do movimento, muitos tinham outras filiações, como o PSB, ou nunca tinham entrado na política partidária.
 
O nome "Pátria Livre" vem da intenção do grupo de "libertar a nação dos interesses do capital financeiro internacional", que consideram ser o principal entrave para acabar com a miséria no Brasil. Para o PPL, a libertação começou com Tiradentes, morto por participar da Inconfidência Mineira em 1789, como diz o seu programa. Por mais que o MR-8 da década de 1960 fosse inspirado nos passos de Ernesto "Che" Guevara - que morreu no dia 8 de outubro de 1967, na Bolívia, dando nome ao grupo brasileiro - hoje, a idolatria ao argentino deu espaço a outro representante: o ex-presidente (e ditador) Getúlio Vargas. O programa do PPL traz também nomes como o de Juscelino Kubitschek e João Goulart. "O Pátria Livre é um partido de linha nacionalista, inspirado principalmente na experiência de Getúlio Vargas", explica Irapuan.
No último congresso nacional do PPL, foram firmadas cinco prioridades nesse sentido: ampliar o mercado interno, criando mais emprego e aumentando o salário; reduzir os juros; incentivar empresas "genuinamente nacionais", tanto privadas quanto públicas, com recursos do Estado; desenvolver os setores de tecnologia de ponta; e lutar por educação e saúde gratuitas e de qualidade para todos.
O partido critica principalmente a concentração de recursos públicos para o pagamento da dívida externa. No seu site oficial, a seguinte frase vem ao lado do nome do partido: "Os bancos receberam da União, em oito anos, R$ 1.858.679.200.827,38 (1 trilhão, 858 bilhões, 679 milhões, 200 mil, 827 reais e 38 centavos), sem incluir o refinanciamento da dívida (“rolagem”)".
Segundo Irapuan, o PPL ainda não tem candidatos certos para as eleições municipais de 2012. No Rio de Janeiro, o partido não deve concorrer à prefeitura da capital, mas sim tentar alianças com partidos de esquerda, como PT, PDT, PSB e o próprio PMDB. Em 2012, a legenda pretende apostar nas cidades de Duque de Caxias, Nilópolis, Campos, Macaé, Niterói, São Gonçalo, Volta Redonda, Resende, Friburgo, Teresópolis, Carmo e Sumidouro - e deve inclusive lançar candidatos a prefeito em alguns desses municípios. Contudo, se o partido ainda engatinha nas suas decisões políticas, a Juventude Pátria Livre (JPL) está a mil. Segundo Irapuan, a JPL já surge com dois dirigentes na União Nacional dos Estudantes (UNE), além de já estar na disputa pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFRJ, junto com outros partidos.
 
O PPL é o 29º partido do Brasil e sua criação foi criticada pelo presidente do TSE, ministro Ricardo Lewandowski, logo após o deferimento de seu registro. Para o jurista, a formação de um novo partido no sentido de que o Brasil está inovando na ciência política. "Estamos indo além do pluripartidarismo, estamos ingressando no hiperpartidarismo. É uma novidade que criamos no Brasil", afirmou.
 
Irapuan aceita a crítica, mas acredita que o fato de o PPL ter colhido um milhão e 200 mil assinaturas significa que o país quer um novo partido. Ele ressalta que a lei permite novos partido e que, por mais que existam tantos, somente alguns vão se firmar e continuar existindo no futuro. "O número de assinatura para nós desmistifica duas questões: a de que existem partidos demais e a de que as pessoas não querem saber da política. Se essas coisas fossem verdade, não teríamos colhido tantas assinaturas", opina.
 
Membro do antigo MR-8 e afastado do grupo há muitos anos, Fernando Gabeira, hoje no PV, não sabia da formação do novo partido. "Soa como algo de outra galáxia", brincou o verde.
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