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CPI da Corrupção

- Publicada em 22 de Setembro de 2009 às 00:00

Oposição mostra depoimento de Buchmann


Jornal do Comércio
Considerado pelos procuradores da República como de extrema relevância para embasar a ação de improbidade administrativa contra a governadora Yeda Crusius e mais oito agentes públicos, o depoimento do ex-presidente do Detran Sérgio Buchmann concentrou a atenção da CPI da Corrupção, ontem à tarde, na Assembleia Legislativa.
Considerado pelos procuradores da República como de extrema relevância para embasar a ação de improbidade administrativa contra a governadora Yeda Crusius e mais oito agentes públicos, o depoimento do ex-presidente do Detran Sérgio Buchmann concentrou a atenção da CPI da Corrupção, ontem à tarde, na Assembleia Legislativa.
Depois de ouvir mais 10 áudios relacionados à fraude na autarquia, os deputados da oposição divulgaram um trecho do vídeo em que Buchmann fala à Polícia Federal (PF) e ao Ministério Público Federal (MPF). O depoimento aconteceu em 17 de julho deste ano e está transcrito na ação do MPF.
Nele, o ex-presidente do Detran diz que se sentiu isolado no governo quando tentou realizar alterações na autarquia e se mostrou contrário ao pagamento da suposta dívida com a empresa Atento. Buchmann afirma que o “mandaram calar a boca” sobre os problemas do órgão. Relata ainda uma conversa com Genilton Ribeiro, adjunto da Secretaria da Administração e dos Recursos Humanos (Sarh), na qual teria sido informado sobre os percentuais desviados do departamento de trânsito.
Segundo Buchmann, o secretário adjunto teria dito que, na época, a governadora estaria sofrendo chantagem de Carlos Crusius, Flávio Vaz Netto e Lair Ferst. “Ele (Genilton) disse que era assim: 24% do movimento financeiro mensal para Detran/Fundae (ou Fatec), que antes era dividido em 12% para o Lair e 12% para os demais. Aí o Carlos Crusius chegou pro Lair e disse: vamos mudar isso aqui, 1% fica pra ti e o resto é pra mim e pra Yeda.”
Nesse momento do testemunho, Buchmann não soube precisar de qual terceirizada Genilton estaria falando. Depois, dá a entender que a divisão se refere à primeira fase da fraude, quando os recursos eram desviados através do contrato com a Fatec. O secretário adjunto da Sarh nega o conteúdo da conversa e entrou com ação judicial contra o ex-presidente do Detran.
Na última parte do vídeo divulgado ontem, Buchmann garante que narrou ao então chefe da Casa Civil, José Alberto Wenzel, a reunião com Genilton Ribeiro - na qual ele também teria comentado sobre a compra da casa da governadora Yeda Crusius. “E o Wenzel disse assim: Então ele sabia da casa. O resto ele não se impressionou com nada, ele só disse assim: Falou da casa?”, salientou o ex-presidente do Detran.
Apesar de o conteúdo já ser conhecido, o vídeo ainda era inédito e foi considerado fundamental na estratégia da oposição de forçar os governistas a participarem da CPI. “Está cada vez mais claro que a base não vem porque não quer se confrontar com essas provas. Mas não dá mais para fazer de conta que não está acontecendo nada”, avaliou o deputado Daniel Bordignon (PT).
Ele e o líder da bancada do PT, deputado Elvino Bohn Gass, também salientaram a necessidade de Wenzel comparecer à CPI. “Considero revelador que o chefe da Casa Civil tenha dado mais importância ao tema da casa do que ao pedido de demissão que Buchmann apresentava naquele momento. O que o depoimento do ex-presidente do Detran revela é gravíssimo”, ressaltou Bohn Gass.
Assim como as interceptações telefônicas, a gravação foi disponibilizada à deputada Stela Farias (PT), presidente da CPI, pela juíza da 3ª Vara Federal de Santa Maria, Simone Barbisan Fortes, responsável pelo caso.

Envolvidos comentam suposta reunião com a governadora 

Mais uma vez sem quórum para deliberar, a CPI da Corrupção seguiu ontem com a escuta de gravações disponibilizadas pela Justiça Federal de Santa Maria. Em quase duas horas de reunião, os deputados da oposição ouviram 10 áudios, divididos em três blocos.
No primeiro, o ex-presidente do Detran Flávio Vaz Netto fala com a procuradora do Estado Andrea Vieira e com uma assessora. Segundo a presidente da CPI, Stela Farias (PT), o material reforça a intenção de Vaz Netto de conceder um segundo depoimento à CPI do Detran - conforme mencionado em interceptação analisada na reunião anterior. “Eu mandei o segundo e-mail agora no fim do dia, pedindo a ele (refere-se ao deputado tucano Adilson Troca, relator da CPI do Detran) que marcasse dia e hora prá mim comparecer na CPI prá ser requerido. Tô aguardando pra ver”, diz Vaz Neto à procuradora.
No segundo bloco, há uma sequência de três diálogos em que os envolvidos comentam uma suposta reunião com a governadora Yeda Crusius, que teria acontecido em 29 de outubro de 2007. Em um deles, o ex-diretor da CEEE e réu no processo penal da fraude do Detran Antônio Dornéu Maciel fala sobre o encontro com um homem não identificado - que seria o deputado estadual Marco Peixoto (PP). (quadro)
O deputado Marco Peixoto reconhece que era a sua voz no áudio. Garante, no entanto, que foi ao encontro com a governadora na condição de líder da bancada do PP na Assembleia para tratar do projeto de reestruturação do Estado. “Haverá centenas de gravações, pois sou um homem público e estava em uma função pública. Mas nunca soube de nada desta fraude”, assegura.
Na última parte, foram apresentadas novas conversas entre Vaz Netto, Maciel, José Otávio Germano (deputado federal pelo PP) e o irmão do deputado, Luiz Paulo “Buti”. Na interpretação da oposição, os interlocutores estariam tratando da distribuição dos recursos desviados do Detran. Vaz Netto e Maciel mencionam a “posição do ex-miss”, que, de acordo com os deputados, seria o empresário Lair Ferst. Em outro trecho, “Buti” e Vaz Netto voltam a citar que “o cara da miss” é motivo de preocupação.
Em nota, deputado Adilson Troca (PSDB), diz que “nunca sofreu pressão alguma por parte de qualquer pessoa investigada pela CPI do Detran”. Afirma também que “não atendeu a nenhuma tentativa de contato por parte de Vaz Netto e que o nome de Andrea Vieira não foi uma indicação pessoal tendo sido aceito pela maioria do colegiado da CPI e que foi dela a iniciativa de pedir afastamento”.
A CPI volta a se reunir amanhã, às 18h, por requerimento dos deputados governistas.
29/10/2007, às 10h19min
Antônio Dornéu Maciel - O José Otávio vai tá com ela onze e  meia, meio-dia.
Delson Martini - Ah, então tá. Então é possível que seja pra me encontrar com ele lá também.
Maciel - Tá ok. Um abraço.
Martini - Ok. Tchau.
29/10/2007, às 13h36min
Homem não identificado (HNI) - Só pra te avisar que saímos da governadora agora. Eu e o José Otávio (Germano).
Antônio Dornéu Maciel - Foi bom?
HNI- Foi nota onze. Liga pro Zé. Falamos muito em ti.
Maciel - Só vocês dois?
HNI - Nós três.
Maciel - Sim. Vocês dois e ela.
HNI - Nós dois e ela. Foi muito bom.
Maciel - Ótimo.
HNI - Até no teu chefe.
Maciel - Sei.
HNI - Essa moça aí que trabalha contigo.
Maciel - Ótimo.
HNI - Liga pro Zé e pergunta como foi.
Maciel - Parabéns!
30/10/2007, às 10h45min
José Otávio Germano - Maciel.
Antônio Dornéu Maciel - Hã?
J - A minha conversa ontem lá com a senhora aquela.
M - Sim.
J - Num determinado momento eu falei pra ela, abre espaço pro presidente lá daquele lugar lá.
M - Tá.
J - Que eu preciso trabalhar, depois de falar com ele ou ele falar com o meu amigo que também está lá.
M - Sei.
J - Então, agora estou parado esperando o movimento deles aí, entendeu?
M - Tá. Tá bem.
J - Agora, não todos os dias que eu tô em Porto Alegre. Semana que vem toda eu não tô. Então, Entendeu?
M - Eu hoje, depois do meio-dia. Agora, ao meio-dia, vou ter um encontro dele lá com ela, eu vou junto com ele. Vamos ver se sai alguma coisa.
J - Pois é, amanhã eu vou tá em Porto Alegre de tarde, por exemplo, essas coisas....
M - Tá. Tá combinado.
J - Me vê isso aí tá.
M - Cuido. Olha aqui, o barão não me ligou. Eu precisava ligar rapaz. Bah!
J - Pode ligar pra ele pô. Ele tá esperando tu ligar. (...)
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