Marcos Hübner "Paco”
Buenos Aires, 2025. A tecnologia está redefinindo o jogo da publicidade mundial, especialmente a latino-americana. Mas o que realmente permanece e ganha força é o essencial: a emoção, a cultura, o imperfeito e a capacidade humana de se importar. Essa percepção atravessou a maior parte das palestras do Festival Internacional El Ojo. A inteligência artificial foi tratada como uma ferramenta. Poderosa, e capaz de viabilizar o que antes seria impossível nos tempos do marketing. Mas ainda assim, uma ferramenta.
Devemos ser parceiros da IA, mas jamais permitir que ela se torne mais importante que a ideia. Vendemos aos clientes insights e narrativas, não a sofisticação da ferramenta utilizada. Afinal, ninguém aprovaria uma campanha apenas porque ela foi feita no Photoshop ou filmada com uma câmera 4K.
Outro ponto abordado foi a tentação de resolver tudo com IA. O termo “estandarizando” foi colocado para definir a homogeneização que surge quando usamos as mesmas ferramentas com os mesmos prompts, buscando resultados cada vez mais parecidos. E é justamente aqui que está a grande vantagem das marcas que escolhem investir em humanidade: diferenciar-se pelo desvio, pela cultura local e pelas tensões reais das pessoas. Como foi dito, “um insight de valor não está apenas na verdade universal, está na verdade humana que está oculta”.
O segundo ponto-chave resume uma das mensagens mais fortes do evento: “Quem se importa vence.” A IA está transformando a maneira como fazemos as coisas, mas não o porquê. E se importar é hoje a forma mais poderosa de criar vínculos emocionais profundos entre marca e público. E aqui, a tecnologia encontra seu melhor papel: não como estrela, mas como amplificadora da sensibilidade humana. A IA permite construir soluções antes inalcançáveis. Ela expande a criatividade, não a substitui, e quando usada dessa forma, deixa de ser apenas eficiente e passa a ser transformadora.
A soma entre criatividade humana, ferramentas tecnológicas, propósito social e uma atuação ativa das marcas eleva a publicidade a outro patamar: o de solucionadora de problemas reais da sociedade. Muito além de vender atributos, trata-se de tornar a marca um agente de transformação para seu próprio público. Termino com um conselho que me tocou bastante no festival: devemos investir em treinar os jovens, não apenas em treinar a IA. Texto revisado por IA, mas com 100% de ideias humanas.
Sócio e diretor de Criação da Matriz