Andréa Fidelis
Novembro é o momento em que as empresas revisam estratégias e definem metas para o próximo ano. Em 2025, esse planejamento precisa ir além das metas operacionais e financeiras. A chegada de 2026 trará um novo marco para o mundo do trabalho, com a entrada em vigor das atualizações da NR-1, que ampliam as exigências do Programa de Gerenciamento de Riscos e incluem, pela primeira vez, a obrigatoriedade de mapear riscos psicossociais relacionados à saúde mental.
A mudança, que parece técnica, exige uma revisão profunda das práticas de gestão de pessoas. De acordo com a pesquisa Panorama da Saúde Emocional do RH 2025, realizada pela Flash com 889 profissionais de Recursos Humanos, apenas 5% das empresas afirmam estar totalmente preparadas para as novas regras. Metade ainda está em processo de adaptação e 30% sequer iniciaram o trabalho. Além disso, 51% dos profissionais de RH dizem conhecer apenas o básico da nova legislação e 30% admitem ter pouca informação ou desconhecer completamente o texto atualizado.
O dado mais preocupante é que 35% dos respondentes consideram a capacitação das equipes o principal desafio para atender à norma. A nova NR-1 exige que as empresas revisem processos, invistam em formação e criem uma cultura que reconheça a prevenção de riscos psicossociais como parte da rotina corporativa. Sem treinamento, o cumprimento se torna burocrático e perde sentido. É o preparo das pessoas que garante a efetividade das regras, não apenas a existência de um documento.
A pesquisa também mostra o outro lado dessa transição. Para 65% dos profissionais de RH, a nova norma deve beneficiar diretamente a saúde mental dos funcionários. Outros 42% enxergam a medida como uma validação da importância do tema dentro das empresas, e 23% projetam uma redução do estresse e da sobrecarga com a implementação. Os dados indicam que, embora a adaptação exija esforço, ela também representa um avanço na construção de ambientes mais equilibrados e humanos.
Planejar 2026 é planejar o desenvolvimento das pessoas. É o momento de tratar saúde e segurança como pilares da estratégia organizacional e de preparar lideranças para promover ambientes sustentáveis, com menos risco e mais aprendizado. Cumprir as novas exigências não é apenas uma obrigação legal, mas uma oportunidade de amadurecimento institucional e de cuidado genuíno com quem faz a empresa acontecer.
Coordenadora do curso de Psicologia do Instituto Brasileiro de Gestão de Negócios (IBGEN)