Maximiliano Ledur
Poucos eventos traduzem tão bem o encontro entre cultura e desenvolvimento quanto a Feira do Livro de Porto Alegre. A cada edição, as bancas na Praça da Alfândega mostram como o livro é o ponto de partida de uma engrenagem que mobiliza setores muito além da cadeia editorial. Turismo, alimentação, hospedagem, transporte, comércio e serviços são impactados diretamente, demonstrando que investir em cultura gera também desenvolvimento econômico e social.
A cadeia do livro vai além de editoras, autores e livrarias. Ela envolve designers, ilustradores, gráficos, produtores, técnicos, revisores, intérpretes, tradutores, fotógrafos, comunicadores e tantos outros profissionais que, nos bastidores, fazem a literatura chegar a todos nós. Cada lançamento, sessão de autógrafos e conversa pública coloca essa rede criativa em movimento.
Em 17 dias de evento, essa vitalidade se espalha pela cidade. No coração do Centro Histórico, são 79 bancas – 66 gerais, 10 infantis e juvenis e três internacionais – onde o público encontra lançamentos e clássicos. A programação se desdobra em centenas de atividades gratuitas: autógrafos, debates, contações de histórias, oficinas e apresentações artísticas. Cerca de 1,2 milhão de pessoas são esperadas nesta edição.
Essa circulação transforma o Centro Histórico: restaurantes, bares, vendedores ambulantes, hotéis e serviços de transporte sentem o impacto direto do público que ocupa diariamente a Praça da Alfândega. Famílias passam o dia na região, estudantes participam de encontros com escritores, turistas chegam especialmente para vivenciar o evento. A praça ganha vida, segurança e um pulsar coletivo raro nos grandes centros urbanos.
Esse fenômeno reitera a cultura como parte estratégica da economia. Investir na Feira do Livro significa gerar emprego e renda, fortalecer o turismo e impulsionar a revitalização urbana. Significa reconhecer a potência de um ativo que forma leitores, que amplia repertórios e que constrói capital intelectual, base para qualquer sociedade mais inovadora.
Ao abrir mais uma edição, reafirmamos a importância de enxergar o livro como elemento central do desenvolvimento. As páginas que você lerá ajudarão a escrever novos capítulos para o futuro da nossa cidade.
Presidente da Câmara Rio-Grandense do Livro