Stela Pastore e Letícia Castro
A luta pelo reconhecimento da assessoria de imprensa como trabalho jornalístico é antiga, mas segue urgente. Em um cenário de precarização das relações de trabalho e de desinformação em escala industrial, reafirmar o caráter jornalístico da assessoria é reafirmar o papel social da comunicação pública e ética.
O mercado criou a figura do "analista de comunicação", mas cobra funções que são jornalísticas, e não de marketing ou relações públicas. O que vemos, na prática, é uma fuga da jornada e do piso dos jornalistas.
O assessor de imprensa apura, redige, edita e difunde informações de interesse coletivo. Faz jornalismo — ainda que inserido em instituições públicas, sindicatos, universidades ou empresas. A natureza da atividade não muda: traduz fatos com rigor, clareza e compromisso com a verdade, mediando a relação entre fontes e sociedade.
A legislação é clara. O Decreto nº 83.284/1979, que regulamenta a profissão, reconhece como jornalistas os que exercem funções de redação, pesquisa, planejamento e difusão de notícias. O Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros, da Fenaj, inclui expressamente profissionais de assessoria, reforçando que todos seguem os mesmos princípios: interesse público, veracidade e responsabilidade social.
Nos tribunais, decisões consolidam esse entendimento. O TRT-4 e o TST reconhecem, em diversos casos, o direito dos assessores ao enquadramento jornalístico, com jornada de cinco horas e piso da categoria. Essa conquista é fruto da atuação persistente dos sindicatos — especialmente do SindJoRS, que lidera ações coletivas e garante vitórias expressivas no Estado.
O Prêmio ARI/Sicredi de Assessoria de Imprensa é outro marco. Ao reconhecer o impacto da comunicação estratégica na sociedade e destacar profissionais que transformam informação em serviço, cultura e cidadania, reafirma que assessoria é jornalismo de interesse público.
Sob a coordenação da Fenaj, do SindJoRS e da Associação Riograndense de Imprensa, a categoria mantém viva a defesa de que assessoria não é marketing: é jornalismo comprometido com a verdade e a democracia. Sem comunicação pública qualificada, não há cidadania plena.
Jornalistas, integrantes da Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj) e Sindicato dos Jornalistas do Rio Grande do Sul (SindJoRS)