Edison Carlos Fernandes
Este ano marca o período de preparação das empresas para a adoção das normas internacionais de informações financeiras de sustentabilidade, conhecidas como IFRS S1 e S2, emitidas pelo International Sustainability Standards Board.
Trata-se de um tema que demanda o envolvimento direto da alta governança para integrar tais informações à gestão e garantir transparência, consistência e comparabilidade nos relatórios corporativos.
Resultado da convergência entre diversos modelos, as normas têm como principais objetivos a comparabilidade entre investimentos e compromissos de sustentabilidade e transparência dos seus impactos financeiros, evitando o “greenwashing” e o “greenwishing”.
Advirta-se que as IFRS S não exigem a adoção de iniciativas, investimentos ou compromissos de sustentabilidade: tratam apenas do padrão de divulgação. Contudo, é certo que a necessidade de divulgar práticas ESG acabam por sensibilizar e induzir o comportamento da alta governança das empresas pelo assunto.
No Brasil e no mundo, o conteúdo ESG gera acadêmicos e profissionais técnicos e especializados. Acontece que a sua observância requer decisões estratégicas, tomadas ao redor das mesas dos conselhos de administração. Certamente, as empresas se servirão da consultoria de especialistas, mas haverá demandas diretas para os administradores.
Em relação às informações climáticas, estão previstas, por exemplo, no IFRS S2 a divulgação de quais níveis de governança se envolvem com a emergência climática, quais riscos têm impactos financeiros e quais os valores relacionados a objetivos e metas climáticas. Essas informações consideram as atividades próprias da empresa (escopos 1 e 2) e da sua cadeia comercial (escopo 3).
A conduta climática reavalia o modelo de negócio, incluindo a localização da fábrica e tecnologia industrial, a matriz energética e qualidade de insumos e matéria-prima, negociação e escolha de fornecedores, contratação de recursos humanos, atendimento a clientes e à comunidade.
Além disso, assim como as contábeis, as informações financeiras de sustentabilidade exigem controles internos adequados e opinião de auditoria externa.
Ao que parece, as “externalidades” deixaram de ser assunto de nicho especializado e entraram definitivamente no planejamento financeiro e estratégico das empresas. Assunto que foi colocado diretamente sobre a mesa dos conselhos de administração.
Advogado e coordenador do MBA Relatórios Financeiros de Sustentabilidade da Trevisan Escola de Negócios