Marcelo Essvein
Município com história e desenvolvimento profundamente ligados ao Polo Petroquímico, Triunfo agora olha para o futuro e vê um cenário cheio de incertezas. Milhares de famílias constroem seu sustento com base na atividade econômica gerada por essa cadeia produtiva. O poder público municipal ampara seus cidadãos contando com o ingresso da receita de tributos do complexo petroquímico. No entanto, essa realidade está ameaçada e dá sinais de que o pior ainda está por vir.
Em torno de 30% da população depende direta ou indiretamente do trabalho no complexo petroquímico e o município tem 90% de suas receitas oriundas da movimentação do Polo que, em julho, registrou o recorde de 45% de ociosidade na produção de eteno. Nossa arrecadação acompanha o ciclo de baixa da indústria petroquímica. No ano passado foram R$ 149,4 milhões de retorno de ICMS e para 2025 a previsão é de reduzir para R$ 105 milhões.
Tudo isso provocado pela crescente importação de resinas como polietileno e polipropileno, muitas vezes subsidiadas por outros países ou desoneradas de tributos que incidem sobre a produção nacional. E quando as unidades produzem menos, arrecadam menos e o impacto é direto nas finanças do município, comprometendo serviços essenciais, investimentos em infraestrutura e o bem-estar de todos.
É um ciclo preocupante, que atinge toda a economia regional e desestrutura a base de um modelo que levou décadas para ser construído. No Manifesto de Triunfo divulgado recentemente e com apoio de prefeitos da região, chamamos a atenção para a importância da preservação de uma indústria estratégica para o desenvolvimento econômico e social de municípios, estados e da União.
Nossas autoridades federais precisam olhar para o setor petroquímico e adotar medidas urgentes de proteção e incentivo. Uma delas é a manutenção da tarifa de 20% na importação de resinas termoplásticas para além de 2025. É também necessário aprovar o Projeto de Lei 892/2025 que cria o Programa Especial de Sustentabilidade da Indústria Química (Presiq).
Se a indústria nacional continuar sendo penalizada, cidades como Triunfo continuarão pagando a conta. Nosso apelo é por responsabilidade e ação. Precisamos preservar o que construímos e garantir que as futuras gerações ainda encontrem aqui um município cheio de oportunidades.
Prefeito de Triunfo