Pedro Fornari
As imagens das enchentes no Rio Grande do Sul e do colapso da barragem da Usina 14 de Julho, em Cotiporã, ainda estão vivas na nossa memória. Acontecimentos que reforçam que a segurança de barragens não é apenas um item técnico ou burocrático. Ela envolve vidas e a confiança da sociedade de que grandes empreendimentos podem conviver em harmonia com as comunidades em seu território.
A Lei 14.066, que alterou a Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB) após as tragédias de Mariana e Brumadinho, trouxe avanços. Estudos de rompimento, cadastramento populacional, rotas de fuga, simulados e atualização dos Planos de Ação de Emergência passaram a ser exigidos. E com o novo padrão de responsabilidade, veio a constatação de que não é possível atender aos requisitos de forma eficiente sem o apoio da tecnologia.
Soluções digitais transformam a gestão de risco ao permitir a coleta de informações de campo, mesmo em locais sem conectividade, e integrar dados georreferenciados, fotos e registros em tempo real. Formulários inteligentes, mapas e dashboards interativos dão acesso à localização e à disponibilidade de recursos dos serviços oferecidos na área de abrangência de uma barragem, como forças de resgate e segurança, hospitais, centrais das defesas civis, alojamentos e abrigos etc.
Com essas ferramentas, o cadastramento populacional deixa de ser um desafio logístico e passa a ser uma base sólida para definir rotas de fuga e pontos de encontro. Os simulados, que antes demandavam semanas de organização e compilação manual de resultados, agora podem ser documentados e analisados com agilidade, permitindo ajustes rápidos. A comunicação com órgãos fiscalizadores e defesas civis ganha rastreabilidade, transparência e eficiência. Os gestores conseguem ter uma visão clara do cenário, o que facilita a elaboração de planos de contingência eficazes, avaliação das prioridades e a tomada de decisão.
O que está em jogo não é apenas obrigação legal, mas consolidar uma cultura de prevenção apoiada em informação de qualidade — é o que estamos fazendo em 13 barragens em todo País. E é o que estamos discutindo nesta semana, em Porto Alegre, durante a Semana de Barragens 2025.
A tecnologia permite que comunidades vulneráveis sejam mapeadas com precisão, que riscos sejam dimensionados de forma clara e que a resposta a emergências seja mais coordenada. Em um contexto de mudanças climáticas e eventos extremos mais frequentes, essa transformação não é opcional. É vital!
Cofundador e CEO da Kartado