Marcio Aguilar
O Brasil vive um cenário político e econômico delicado, e a indústria gaúcha sente ainda mais os impactos por ter, nos Estados Unidos, um de seus principais mercados de exportação. A taxação imposta pelo governo Trump, embora não tenha mirado o Brasil de forma exclusiva — trata-se de um movimento amplo que atinge Canadá, União Europeia, China e outros parceiros comerciais —, coloca o Rio Grande do Sul como o segundo estado mais afetado financeiramente por essas medidas.
Diante desse contexto, países atingidos já se mobilizam para negociar e proteger seus interesses. Afinal, perder espaço junto à maior economia do mundo significa comprometer cadeias produtivas, empregos e competitividade. Com o Brasil não pode ser diferente. É urgente adotar uma postura diplomática firme e estratégica, capaz de preservar nossas exportações e o interesse nacional.
Ainda que disputas comerciais façam parte do jogo geopolítico — com tarifas, medidas de reciprocidade ou embates diplomáticos —, transformá-las em batalhas ideológicas, sem perspectiva real de êxito, é um erro que pode custar caro à economia brasileira. Misturar conflitos políticos internos com a condução da política externa demonstra falta de compromisso com a estabilidade econômica e com relações comerciais essenciais.
No plano interno, observa-se o mesmo equívoco; em vez de atacar as causas estruturais do déficit, o governo aposta na tributação do crédito como solução rápida e conveniente. Essa escolha — avalizada pela Suprema Corte — sufoca a economia e encarece recursos para empreendedores. O resultado? Uma política que amplia tributos e atinge linearmente todos os brasileiros que demandam crédito.
Para mudar essa trajetória, o Brasil precisa resgatar o prestígio internacional, recuperar o equilíbrio entre os poderes da República e defender as garantias constitucionais que estão desgastadas. A pacificação da Nação passa por diálogo entre os atores políticos, com foco no enfrentamento dos desafios externos e internos de forma consistente.
No Rio Grande do Sul, entidades e o governo estadual já se posicionaram, cobrando mais responsabilidade dos negociadores brasileiros diante dos riscos à economia, especialmente a local. Não podemos assistir passivamente ao enfraquecimento das relações comerciais com os Estados Unidos e ao aprofundamento da crise interna. É hora de agir com estratégia e firmeza.
Advogado e Presidente do Sindicato das Sociedades de Fomento Comercial - Factoring do Rio Grande do Sul (Sinfac-RS)