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Publicada em 27 de Julho de 2025 às 17:23

Alta do IOF freia crescimento do varejo

Vilson Noer, presidente da Federação AGV

Vilson Noer, presidente da Federação AGV

THAYNÁ WEISSBACH/JC
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Vilson Noer
Vilson Noer
A recente decisão do governo federal de aumentar o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) para 3,5% representa mais um freio no já desafiador cenário para quem empreende no Brasil. O impacto é direto e preocupante para o varejo, um dos setores que mais emprega e movimenta a economia nacional. Com a Selic em 15%, o IOF em 3,5% e mais o spread bancário, quem vai querer fazer investimento com uma conta alta destas? Se antes você pegava um empréstimo de R$10 mil por um ano, e o IOF era de R$ 38 (0,38%), com a nova alíquota de 3,5%, o IOF agora seria de R$ 350 para a mesma operação. Esse custo adicional é repassado ao consumidor.
O aumento do custo do crédito encarece investimentos essenciais para a manutenção e expansão das atividades varejistas. Abertura de novas lojas, reformas, modernização de unidades, compra de equipamentos e ampliação de estoques são iniciativas que dependem de capital e, muitas vezes, de financiamento. Com o IOF mais alto, o acesso ao crédito fica mais caro, travando decisões estratégicas e inibindo o crescimento. Isso afeta diferentes tamanhos de empresas, incluindo as MEIs e as do Simples Nacional.
Mais do que limitar o investimento privado, a medida sinaliza insegurança ao mercado. Em um momento em que o país precisa estimular a confiança do empreendedor, sobretaxar operações financeiras vai na contramão do desenvolvimento. Vale lembrar que o varejo opera com margens apertadas e grande sensibilidade à variação de custos — qualquer aumento artificial nos encargos se traduz em retração.
A alta do IOF não apenas reduz a competitividade do setor como compromete a geração de empregos e renda. Investir deveria ser incentivado, não punido. É urgente repensar políticas fiscais que, em vez de promover crescimento, acabam minando a base produtiva do País. O Brasil precisa de estímulo à atividade econômica, não de novos entraves. Enquanto despesas continuarem subindo, o Brasil não vai funcionar de forma adequada.
Enquanto governos não respeitarem orçamentos e gastos ficarem sem controle, sempre teremos soluções "fáceis" e que afetam empresas e consumidores. Os problemas continuam inatacáveis.
Presidente da Federação AGV
 

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