Aline Deparis
Quando falamos em proteção de dados, o Brasil avançou nos últimos anos, especialmente com a LGPD, mas algumas empresas ainda veem o tema como obrigação burocrática. Falta, na verdade, uma cultura real de cuidado com informações pessoais.
O Dia Nacional da Proteção de Dados, celebrado nesta quinta-feira (17), serve como alerta: preservar dados vai além de cumprir regras, é responsabilidade e visão estratégica para crescer de forma sustentável.
Em países como Alemanha e Suécia, a privacidade é tratada como valor social e estratégico. Empresas e cidadãos entendem que dados pessoais precisam ser preservados, e que isso fortalece a economia e a confiança. Não à toa, são referências em cibersegurança, com normas aplicadas na prática, de pequenas empresas a grandes corporações.
Proteger dados é construir reputação e credibilidade. Empresas responsáveis abrem portas para novos negócios, fortalecem parcerias e atraem clientes e investidores que priorizam organizações seguras. Em um mercado competitivo, confiança se torna um diferencial determinante.
Um fator decisivo nos incidentes é a má gestão de terceiros - parceiros e fornecedores que têm acesso a dados, mas não seguem padrões mínimos de segurança. Além de processos judiciais, esses incidentes geram danos muitas vezes irreversíveis à reputação.
Não adianta investir apenas em tecnologia própria se toda a cadeia não estiver preparada. Por isso, a gestão de terceiros já é vista como parte estratégica da governança de privacidade, reduzindo riscos financeiros e fortalecendo a confiança no mercado.
Ataques cibernéticos podem atingir qualquer organização, mas empresas com gestão efetiva de segurança da informação reduzem significativamente riscos legais e financeiros em situações de crise.
Mas, claro, a mudança de mentalidade deve começar pelas lideranças. Segundo a IBM, empresas com forte cultura de proteção reduzem cerca de 40% os custos quando há maior maturidade em governança de dados. O custo médio de uma violação de dados no Brasil chegou a R$ 6,75 milhões. Além disso, empresas que já aplicam inteligência artificial e automação em segurança conseguiram reduzir esse impacto em cerca de R$ 2,17 milhões e acelerar o tempo de resposta aos incidentes.
Mais do que nunca, é hora de tratar a proteção de dados como prioridade estratégica. Países referência sabem que não é só tecnologia, mas cultura, processos, pessoas e ética.
CEO e co-founder da Privacy Tools, Analista de Sistemas e empreendedora