Deniz Anziliero
O Brasil mostrou ao mundo a sua capacidade de gestão sanitária ao anunciar neste mês que somos um país livre de influenza aviária. Enquanto países como os EUA enfrentam uma crise sem precedentes, com mais de 170 milhões de aves abatidas nos últimos três anos, nos consolidamos como referência global no combate à doença.
Essa é uma vitória importante para a sanidade animal e para a credibilidade do agronegócio nacional, além de trazer alívio para toda a cadeia econômica e social que depende da agropecuária. Mesmo com os desafios de infraestrutura, recursos limitados e um cenário político complexo, mostramos organização, rapidez na resposta e, sobretudo, transparência na gestão sanitária.
O resultado é fruto de um trabalho eficiente, coordenado pelo Ministério da Agricultura, por meio do Serviço Veterinário Oficial, em conjunto com agroindústrias e o setor privado, como a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
É verdade que o vírus continuará circulando na fauna silvestre, e novos focos podem surgir em granjas comerciais. No entanto, o episódio mostrou que o país está preparado para gerenciar os riscos sanitários de maneira eficaz, protegendo sua produção e os mercados internacionais.
Essa conquista não impacta somente o setor do agronegócio. No Rio Grande do Sul, onde a agropecuária responde por mais de 30% da atividade econômica de 337 municípios — e mais de 50% em 175 deles —, proteger cadeias como avicultura, suinocultura e bovinocultura é proteger empregos, renda e desenvolvimento social.
Os dados oficiais mostram que a maior parte da riqueza gerada pelo agronegócio gaúcho está no segmento depois da porteira. A degradação do setor impactaria o Estado como um todo, inclusive os centros urbanos, que historicamente têm dificuldades em compreender o impacto socioeconômico do setor na sua vida.
O exemplo da influenza aviária reafirma que sanidade animal precisa ser tratada como política de Estado. É um ativo estratégico, essencial para a segurança alimentar, para o comércio internacional e para o futuro do agronegócio brasileiro.
Diretor da Escola do Agronegócio da Atitus Educação