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Publicada em 10 de Julho de 2025 às 14:00

A cultura chegou onde antes não chegava, e esse é o verdadeiro impacto da Lei Rouanet

Vanessa Pires, CEO da Brada

Vanessa Pires, CEO da Brada

Divulgação/JC
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Vanessa Pires
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O primeiro semestre de 2025 foi um divisor de águas para a cultura brasileira. Com um recorde de R$ 765,9 milhões captados por meio da Lei Rouanet, não apenas superamos marcos históricos, como demos sinais claros de que é possível construir um modelo de fomento mais justo, mais diverso e mais conectado com a realidade dos brasileiros. Pela primeira vez em décadas, vimos os recursos chegarem a regiões, territórios e vozes que por muito tempo ficaram invisíveis no mapa dos investimentos culturais.

Há anos, quem atua nos bastidores da produção sabe: o problema nunca foi a Lei Rouanet em si. O problema sempre foi a concentração de atenção, de patrocínio e de oportunidades.

Durante muito tempo, a burocracia e a falta de acesso à informação tornaram a lei inacessível a quem mais precisava dela. Isso começou a mudar. Em 2025, vimos iniciativas importantes e necessárias como “Rouanet Norte”, “Rouanet nas Favelas” e “Rouanet da Juventude” saírem do papel e chegarem a coletivos, artistas independentes e produtores culturais de cidades onde, até então, a palavra “incentivo” era sinônimo de sonho distante.

Acompanhamos de perto a transformação que ocorre quando uma verba, muitas vezes modesta, encontra um projeto de alto impacto social. Não se trata apenas de realizar um show ou uma exposição. Trata-se de empregar jovens, de preservar memórias, de ativar economias locais, de devolver autoestima a comunidades inteiras. O impacto da cultura não é apenas simbólico: é econômico, é educativo, é social.

Mas para que essa mudança se sustente e avance, é essencial que mais empresas e empresários se envolvam. A cultura não pode ser vista como um “custo simpático” ou uma ação de marketing eventual. É hora de entender que a Lei Rouanet funciona. A verba chega. Os projetos acontecem. E o benefício para o país é concreto. A contrapartida fiscal não é privilégio, é uma ferramenta legítima, inteligente e eficiente de desenvolvimento.

Reconhecer o valor da isenção fiscal é reconhecer o papel da cultura na construção de um Brasil mais equilibrado. É, também, assumir que temos responsabilidade compartilhada nesse processo. O Estado precisa garantir acesso e estrutura. As empresas precisam apoiar. E a sociedade precisa acompanhar e cobrar. Todos têm um papel importante nesta cadeia evolutiva.

Ainda temos muito a avançar: melhorar a capacitação técnica de quem está na base, reduzir a burocracia, ampliar a transparência e tornar o processo de aprovação mais ágil. Mas se existe uma certeza após este primeiro semestre, é que estamos no caminho certo.

A Lei Rouanet não é um problema, ela é parte essencial da solução. E seu futuro está diretamente ligado à coragem que temos, como País, de acreditar no poder transformador da cultura e de ações realizadas com transparência e destinatários capacitados a realizar projetos reais.
CEO da Brada

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