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Publicada em 25 de Junho de 2025 às 18:30

Do céu, a chuva; de Brasília, o silêncio

Comandante Nádia, preisdente da Câmara de Vereadores de Porto Alegre

Comandante Nádia, preisdente da Câmara de Vereadores de Porto Alegre

MARCO QUINTANA/JC
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Comandante Nádia
Comandante Nádia
Mais uma vez, o céu desaba sobre o nosso chão. Chuvas intensas voltam a atingir o Rio Grande do Sul, trazendo destruição, dor e indignação. Famílias que ainda nem conseguiram se reerguer da última enchente enfrentam o mesmo pesadelo: casas alagadas, móveis perdidos, memórias arrastadas pelas águas. São vidas inteiras atingidas, mais uma vez.
Empresários gaúchos veem seus negócios afundarem — literalmente. Lojas fechadas, estoques perdidos, a incerteza sufocando quem gera empregos e movimenta a economia. Quando uma empresa fecha as portas, é o trabalhador que perde, é a cidade que para, é o Estado que definha. A engrenagem da economia gaúcha sofre novo baque — e, sem suporte, pode não se recuperar.
Mais uma vez, é o povo pelo povo. Voluntários cruzam o Estado para socorrer, doar, acolher. Homens e mulheres que fazem da solidariedade uma bandeira e da empatia uma ação concreta. Gestos de humanidade que sustentam a esperança quando o poder público falha.
Somos um Estado que envia bilhões à União — fruto do suor de gente honesta e trabalhadora. No entanto, quase nada nos é devolvido. O desequilíbrio é gritante. O Pará, que arrecada pouco e depende fortemente de repasses federais, será sede da COP 30 e já recebeu bilhões para isso. Só em contrato com a OEI foram destinados R$ 478,3 milhões — sem licitação, com garrafas de água cotadas a R$ 17,50. As estruturas "Blue" e "Green Zones" somam mais de R$ 595 milhões. Ao todo, os investimentos federais em Belém ultrapassam R$ 4 bilhões, podendo chegar a R$ 7,3 bilhões.
Enquanto isso, o Rio Grande do Sul, que só em 2021 contribuiu com R$ 57 bilhões em tributos federais, vê retornar apenas R$ 19 a cada R$ 100 arrecadados. Mesmo diante da maior catástrofe climática de sua história, a ajuda da União é lenta, burocrática e insuficiente.
Quem mais contribui, menos recebe. É hora de dar um basta nessa inversão de prioridades. O Brasil precisa rever, com urgência, o Pacto Federativo.
O Rio Grande do Sul não quer privilégios. Quer respeito, reciprocidade e ação. Aqui também é Brasil!
Presidente da Câmara de Vereadores de Porto Alegre
 

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