Capitão Martim
O Pacto Federativo brasileiro, na prática, é um pacto de injustiça contra o Rio Grande do Sul. Nosso Estado despeja bilhões de reais nos cofres da União todos os anos — e o que recebemos em troca? Migalhas! Um retorno humilhante, que escancara o desequilíbrio gritante da estrutura federativa. Em tempos normais já é revoltante. Em tempos de tragédia, é um insulto.
As enchentes do ano passado devastaram cidades, destruíram milhares de casas e arrasaram a economia gaúcha. E, no momento mais crítico, o que fez o governo federal? Arrastou os pés. Enquanto as famílias clamavam por socorro, Brasília respondia com discursos vazios e promessas frias.
Foi um sufoco atrás do outro. Cada pedido de ajuda virou uma corrida contra a burocracia, um teste cruel de paciência e sobrevivência. A sensação era clara: o Rio Grande estava sozinho, enfrentando as águas e a indiferença do poder central. A dor foi nossa, o abandono também.
Produtores rurais seguem peregrinando por apoio. Clamam por crédito, por securitização de dívidas, por um mínimo de empatia. Mas continuam sendo tratados como números. Como se perder tudo não fosse suficiente, agora enfrentam também o desprezo institucional.
O Pacto Federativo precisa ser revisto com urgência. O País que queremos construir deve ser solidário, justo e equilibrado. E isso começa por ouvir quem, há séculos, clama por respeito.
E a securitização das dívidas rurais não é luxo, é questão de sobrevivência. São milhares de produtores afundados em dívidas por culpa de uma tragédia climática. Perderam plantações, máquinas, galpões. Precisam de tempo para se reerguer — e a securitização é o único caminho sensato. Não se trata de perdão, mas de justiça. De evitar o colapso do setor que alimenta o Brasil.
Negar isso é empurrar quem trabalha para a falência. É aprofundar o abismo entre o que a União arrecada e o que devolve. É cuspir no esforço de quem sustenta o País de pé, empurrando milhares de famílias para a falência enquanto aprofunda o abismo entre o que Brasília arrecada e o que deveria nos transferir de volta por dever constitucional e moral.
Essa história de exploração tem nome e memória. O espírito de revolta que incendiou a Revolução Farroupilha está mais vivo do que nunca. O Rio Grande do Sul não quer esmolas — quer respeito. Quer justiça. E vai continuar exigindo isso com a dignidade de quem não abaixa a cabeça.
Deputado estadual (Republicanos)