Sirlei Costa
A cirurgia das mamas vem passando por uma mudança significativa. Técnicas que antes priorizavam volume e resultados imediatos hoje se transformam em abordagens mais conscientes, que respeitam o corpo feminino em sua complexidade anatômica e emocional. A preservação de ligamentos, nervos e estruturas naturais é cada vez mais valorizada. A estética importa, sim — mas deve vir acompanhada de ciência, sensibilidade, vínculo e escuta verdadeira.
Em alguns casos, até cirurgias oncológicas já contam com o auxílio de robôs, permitindo intervenções mais precisas e menos agressivas. Tudo isso reflete um novo olhar sobre o cuidado, mais técnico, mais humano e mais alinhado com a individualidade de cada paciente.
Esse olhar mais atento ao corpo feminino não surgiu agora. Ao longo da minha carreira, sempre busquei tratar a mama com o respeito que ela merece. Fui desenvolvendo, com estudo e escuta ativa, uma forma de operar que considera não apenas a técnica, mas também a história e os sentimentos que cada paciente carrega consigo.
Ao longo da minha carreira, aprendi que cada mama carrega memória, afeto e identidade. Cuidar dessa região exige mais do que técnica. É necessário um olhar dedicado às individualidades de cada paciente, com habilidade, sensibilidade e ética.
Esse novo paradigma valoriza o planejamento individualizado, a análise detalhada da anatomia e os desejos da paciente. Não se trata apenas de colocar uma prótese ou reconstruir uma mama: trata-se de interpretar o corpo com sensibilidade e trabalhar com os limites naturais de cada mulher. Isso exige técnica, escuta e vínculo. É a diferença entre um procedimento e um cuidado real.
Em consultório, é comum ouvir dúvidas legítimas e histórias de frustração com procedimentos passados. Cabe ao profissional acolher, esclarecer e respeitar. Quando a paciente entende o que será feito e sente confiança no processo, o resultado vai além do físico. Ele toca autoestima, autonomia e bem-estar emocional.
Cada escolha deve considerar a história e o corpo da mulher. Quando ciência e cuidado caminham juntos, a medicina se transforma com conhecimento, empatia e propósito. Essa é a medicina em que acredito: feita de técnica, escuta e respeito à mulher em todas as suas dimensões.
Cirurgiã plástica e mastologista