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Publicada em 12 de Junho de 2025 às 19:20

Junho Violeta: a saúde dos olhos em foco

Bruno Schneider de Araujo, presidente da Sociedade de Oftalmologia do Rio Grande do Sul (Sorigs)

Bruno Schneider de Araujo, presidente da Sociedade de Oftalmologia do Rio Grande do Sul (Sorigs)

Acervo Pessoal/Divulgação
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Bruno Schneider de Araujo
Bruno Schneider de Araujo
O mês de junho, caracterizado por seus dias mais curtos e noites prolongadas, convida à introspecção, inclusive no que diz respeito à saúde dos olhos. Os efeitos da redução na incidência solar típica deste período, especialmente nas faixas violeta e ultravioleta do espectro luminoso, têm despertado crescente interesse na comunidade oftalmológica.
Evidências contemporâneas sugerem que a exposição moderada à luz solar exerce um papel benéfico sobre a visão, contribuindo para o fortalecimento da córnea e para a prevenção de alterações estruturais que podem comprometer sua integridade.
Em contraste, o estilo de vida moderno, marcado pelo confinamento em ambientes fechados e pelo uso excessivo de eletrônicos, sobretudo entre crianças e adolescentes, reduz significativamente o contato com a luz natural. Essa privação, aliada a comportamentos repetitivos como o ato de coçar os olhos, favorece o desenvolvimento do ceratocone, uma doença progressiva da córnea que pode evoluir para perda visual acentuada. Atualmente, o ceratocone configura-se como a principal causa de transplantes de córnea em todo o mundo. É nesse cenário que surge a campanha Junho Violeta, uma iniciativa da oftalmologia brasileira voltada à conscientização da população sobre a importância da luz natural — em especial a violeta e a ultravioleta — e sobre os riscos do ato de coçar os olhos. Lançada no mês de menor incidência solar, a campanha visa ampliar o conhecimento sobre os fatores de risco e incentivar práticas preventivas simples, porém eficazes.
O ceratocone costuma manifestar-se na adolescência ou no início da vida adulta, gerando limitações importantes nas atividades diárias e impactando não apenas a autonomia individual, mas também a dinâmica familiar. O diagnóstico precoce, feito por um oftalmologista, é determinante para evitar a progressão da doença e preservar a qualidade de vida.
Difundir essa mensagem, tão acessível quanto necessária, pode ter um impacto transformador. Em uma era cada vez mais digital, é fundamental estimular as crianças a brincarem ao ar livre, praticar atividades físicas e, sobretudo, evitar o hábito de coçar os olhos. 
Os ganhos extrapolam a esfera oftalmológica, refletindo-se positivamente na saúde física, emocional e cognitiva.
Se, ao disseminar esse conhecimento, ao menos um caso de ceratocone for prevenido, então a leitura deste texto já terá valido à pena.
Presidente da Sociedade de Oftalmologia do Rio Grande do Sul (SORIGS)
 

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