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Publicada em 01 de Junho de 2025 às 18:20

Gripe aviária acende alerta, não pânico

Mauro Moreira, presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado do Rio Grande do Sul

Mauro Moreira, presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado do Rio Grande do Sul

CRMV-RS/Divulgação/JC
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Mauro Moreira
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A recente detecção de casos de Influenza Aviária em aves silvestres que viviam em áreas naturais do Parque Zoológico de Sapucaia do Sul serve de alerta, mas também como lição de boas práticas no cuidado com os animais e com a saúde pública. Até o momento, os casos se limitaram a espécies como patos, marrecos e gansos que habitavam livremente as lagoas do parque. Essas aves, por viverem em ambientes abertos, possivelmente entraram em contato com aves migratórias infectadas, que são reconhecidas como vetores naturais do vírus em várias partes do mundo.
É importante destacar que as aves que vivem em ambientes controlados dentro do zoológico, como viveiros fechados e recintos monitorados, não apresentaram nenhum sinal da doença. Isso demonstra a eficácia dos protocolos de biossegurança adotados, que incluem reforço na higiene, controle de acesso e vigilância constante.
Esse tipo de resposta ágil e eficaz só é possível quando há estrutura técnica adequada, preparo das equipes e comprometimento com a saúde dos animais e da população. Os protocolos implementados nos recintos protegidos evidenciam que é possível prevenir a disseminação de doenças com ações simples, porém rigorosas. A separação entre ambientes naturais abertos e espaços controlados faz toda a diferença na contenção de agentes infecciosos e reforça a importância de seguir normas sanitárias estabelecidas.
Ao contrário do que ocorre em criações comerciais, onde o abate sanitário pode ser recomendado para conter surtos, não há justificativa científica nem legal para o extermínio de aves em zoológicos. O foco, neste caso, é a preservação. Os animais recebem uma alimentação segura e balanceada, sem qualquer risco de contaminação, e o cuidado é reforçado por uma equipe especializada de médicas e médicos-veterinários.
A situação evidencia a importância da atuação desses profissionais no manejo da fauna silvestre e no cumprimento do conceito de Saúde Única — que reconhece a interdependência entre a saúde animal, humana e ambiental. Com responsabilidade e transparência, o zoológico tem mantido diálogo aberto com autoridades e com a sociedade, mostrando que é possível agir com firmeza, sem alarmismo, e sempre priorizando o bem-estar dos animais, dos trabalhadores e do público.
Presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado do Rio Grande do Sul (CRMV-RS)
 

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