Professor Claudio Branchieri
O Brasil se chocou com o roubo dos aposentados, mas há um escândalo ainda maior — e ele é legalizado. Trata-se da Previdência Social: o maior esquema de pirâmide institucionalizada do mundo. Você paga a aposentadoria de quem veio antes e torce para que alguém, no futuro, pague a sua. É obrigatório, é incerto e, sobretudo, é injusto. E eu te explico o porquê.
Existem dois modelos de aposentadoria: o de acumulação e o de repartição. O primeiro é o da previdência privada. Simples: tudo o que você contribui é seu. Você acompanha os rendimentos, planeja, decide como e quando usar. É um modelo baseado em responsabilidade e previsibilidade, com transparência e autonomia individual.
Mas o Brasil optou — ou melhor, impôs — o modelo de repartição. Nele, o que você paga hoje não vai para você, mas para quem já se aposentou. Você não acumula nada. O sistema só funciona se houver mais jovens entrando do que idosos saindo. É uma pirâmide clássica: os últimos sustentam os primeiros. Mas os dados mostram que a base está desaparecendo, e o sistema vai ruir.
Em 2014, eram 2,2 contribuintes por aposentado. Hoje, são 1,9. O rombo, que era de R$ 85 bilhões, saltou para quase R$ 320 bilhões. Em 2050, será um contribuinte para cada aposentado. A conta não fecha. Nunca vai fechar.
Em 2025, a Previdência consumirá R$ 1 trilhão — 43% do orçamento federal. Em 2050, esse percentual pode ultrapassar 70%. O Brasil corre o risco de se tornar um Estado que não oferece saúde, educação ou segurança — apenas paga pensões, e mesmo assim sem garantir que todos recebam. O colapso não é mais uma possibilidade distante, ele já está à espreita.
Essa bomba demográfica tem apenas duas saídas: ou se reduzem drasticamente os valores das aposentadorias, ou se aumenta brutalmente a carga tributária. Em ambos os casos, quem paga a conta é você. E o custo será insustentável para todos.
A cada mês, milhões de brasileiros contribuem com a ilusão de que estão garantindo o futuro. Mas estão apenas financiando um sistema falido e uma promessa impossível de cumprir.
Você ainda acredita que está garantindo um direito? Ou já percebeu que está financiando um sistema insustentável, travestido de proteção social?
Porque quando a conta chegar — e ela vai chegar — o governo só vai dizer uma coisa: o dinheiro acabou.
Deputado estadual (Podemos) e economista