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Publicada em 09 de Junho de 2025 às 19:31

Saúde, uma categoria invisível

Milton Kempfer, presidente da Federação dos Empregados em Estabelecimentos e Serviços de Saúde do Rio Grande do Sul (FEESSERS)

Milton Kempfer, presidente da Federação dos Empregados em Estabelecimentos e Serviços de Saúde do Rio Grande do Sul (FEESSERS)

Divulgação/JC
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Milton Kempfer
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Uma categoria despercebida e invisível aos olhos de quem não está hospitalizado, ou que não sabe o que significa a perda do que nos é caro: a saúde. Trabalham lidando com a dor e o sofrimento. São os mais de 130 mil profissionais dentro dos hospitais, clínicas, laboratórios, consultórios médicos e UPAs. 85% são mulheres e recebem de salário básico entre um e três salários mínimos nacionais. São técnicos e auxiliares de enfermagem, atendentes, copeiras, higienizadores, cozinheiros, seguranças, porteiros, recepcionistas e funcionários administrativos.
A Federação dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Estado (FEESSERS) completa meio século no dia 25 de maio, representando este importante segmento. Em 2017, a FEESSERS e os seus 27 Sindisaúdes filiados lançaram a campanha Cuidando de quem cuida, chamando a atenção para quem está na ponta do atendimento ao paciente. Só nas Santas Casas e Hospitais Filantrópicos, somam 70%. 
A enfermagem teve o tão sonhado Piso Nacional da Enfermagem aprovado pelo PL 14.434/22, porém o STF desfigurou o texto, alterando a lei aprovada pelo Congresso Nacional. Isentaram da responsabilidade, as entidades filantrópicas, os municípios e estados, limitando o piso ao repasse do complemento federal e, no setor privado, liberou a livre negociação entre patrões e sindicatos. 
As dificuldades em conquistar avanços passam pela forma de custeio vigente no SUS, onde prestadores são remunerados por tabelas e contratos com metas de produção. Não existe um estudo do custo hospitalar, mesmo que seja fácil saber o volume de recursos a eles destinados.
Não existe clareza na aplicação dos recursos. As instituições não divulgam salários de administradores, gestores e médicos, nem de gastos constantes com obras, uma vez que um quarto dos desembolsos da União são emendas parlamentares. Dos R$ 227,8 bilhões de gastos em saúde pública, as emendas, somam R$ 50,4 bilhões.
A rotatividade de pessoal é alta, devido a baixos salários, jornadas de até 12 horas, domingos e feriados, equipes reduzidas, troca de turnos, estresse, assédios, falta de condições de trabalho, refeitórios, vestiários, salas de descanso e alimentação. Com isso, os pedidos de demissão superam as dispensas sem justa causa, dificultando manter equipes entrosadas. 
E, assim, permanecem sob o manto da invisibilidade. Até quando? 
Presidente da Federação dos Empregados em Estabelecimentos e Serviços de Saúde do Rio Grande do Sul (FEESSERS)
 

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