Guilherme Caprara
Causou polêmica a declaração recente do executivo de um grande banco, afirmando que existe uma "indústria da recuperação judicial no agro" e classificando essa medida como "ilusória" para o enfrentamento das dificuldades pelos produtores rurais. A fala, além de equivocada, contraria a realidade vivida pelo campo brasileiro.
Não são poucos os desafios: uma taxa de juros que segue crescendo, alta dos custos de produção, inflação e desvalorização do câmbio. Sem contar as catástrofes climáticas, como as queimadas em várias partes do país e as enchentes no Rio Grande do Sul em 2024.
Diante disso, era natural que os produtores recorressem a medidas como a recuperação judicial para enfrentar as dívidas. Não por acaso, tivemos recorde de pedidos, passando de 534 em 2023 para 1.272 no último ano.
É legítimo e legal que os produtores rurais busquem reestruturar seus passivos. Trata-se de um instrumento com relevante função social, ao possibilitar que o negócio se mantenha em atividade enquanto discute os caminhos com os credores.
Mas a recuperação judicial está longe de ser a única medida. Existem várias outras alternativas previstas no arcabouço legal, com menores custos e sem a necessidade de envolver o Judiciário. Procedimentos de mediação antecedente, renegociação direta com credores e a recuperação extrajudicial podem ser considerados.
Mas qual seria a melhor alternativa? Isso dependerá do quadro de cada produtor, da dívida envolvida e da viabilidade econômica. É preciso um exame completo do cenário, sempre com o apoio de uma assessoria jurídica.
E o resultado do processo depende, também, da participação colaborativa dos bancos, na busca de soluções para o soerguimento do produtor, evitando o encerramento das atividades. Negócios fortes, sim, interessam a todos, inclusive às instituições financeiras.
O setor rural é uma das fortalezas da economia brasileira. Quando surgem as dificuldades, temos de encontrar saídas para elas. A recuperação judicial é uma das várias alternativas para tanto. Se será ela ou outra medida a escolhida para enfrentar a crise, isso dependerá da situação de cada produtor. O que mais importa, ao final, é que nosso campo siga próspero e gerando desenvolvimento para o país.
Advogado, sócio do escritório MSC Advogados, com mais de 20 anos de experiência em Direito Empresarial
Causou polêmica a declaração recente do executivo de um grande banco, afirmando que existe uma "indústria da recuperação judicial no agro" e classificando essa medida como "ilusória" para o enfrentamento das dificuldades pelos produtores rurais. A fala, além de equivocada, contraria a realidade vivida pelo campo brasileiro.
Não são poucos os desafios: uma taxa de juros que segue crescendo, alta dos custos de produção, inflação e desvalorização do câmbio. Sem contar as catástrofes climáticas, como as queimadas em várias partes do país e as enchentes no Rio Grande do Sul em 2024.
Diante disso, era natural que os produtores recorressem a medidas como a recuperação judicial para enfrentar as dívidas. Não por acaso, tivemos recorde de pedidos, passando de 534 em 2023 para 1.272 no último ano.
É legítimo e legal que os produtores rurais busquem reestruturar seus passivos. Trata-se de um instrumento com relevante função social, ao possibilitar que o negócio se mantenha em atividade enquanto discute os caminhos com os credores.
Mas a recuperação judicial está longe de ser a única medida. Existem várias outras alternativas previstas no arcabouço legal, com menores custos e sem a necessidade de envolver o Judiciário. Procedimentos de mediação antecedente, renegociação direta com credores e a recuperação extrajudicial podem ser considerados.
Mas qual seria a melhor alternativa? Isso dependerá do quadro de cada produtor, da dívida envolvida e da viabilidade econômica. É preciso um exame completo do cenário, sempre com o apoio de uma assessoria jurídica.
E o resultado do processo depende, também, da participação colaborativa dos bancos, na busca de soluções para o soerguimento do produtor, evitando o encerramento das atividades. Negócios fortes, sim, interessam a todos, inclusive às instituições financeiras.
O setor rural é uma das fortalezas da economia brasileira. Quando surgem as dificuldades, temos de encontrar saídas para elas. A recuperação judicial é uma das várias alternativas para tanto. Se será ela ou outra medida a escolhida para enfrentar a crise, isso dependerá da situação de cada produtor. O que mais importa, ao final, é que nosso campo siga próspero e gerando desenvolvimento para o país.
Advogado, sócio do escritório MSC Advogados, com mais de 20 anos de experiência em Direito Empresarial