Carlos Milioli
O Brasil vive um momento decisivo para reconfigurar o futuro da educação profissional. Apesar da crescente demanda por técnicos qualificados, o número de matrículas — especialmente nas modalidades subsequente, concomitante e no Ensino Médio Integrado — ainda está aquém das necessidades do país e das metas do Plano Nacional de Educação. Diante desse cenário, é essencial que poder público e iniciativa privada unam esforços para ampliar o acesso, a permanência e a qualidade dessa modalidade de ensino.
As parcerias público-privadas (PPPs) podem e devem assumir protagonismo nesse processo. A expansão do ensino técnico vai além da abertura de vagas: exige conexão com o mundo do trabalho, currículos atrativos e estruturas adequadas. Como destacou o empresário Jorge Gerdau, é preciso ser ainda mais incisivo na oferta de educação profissional.
Ao envolver o setor privado na construção de soluções, o Estado amplia sua capacidade de atender jovens que desejam — e precisam — de uma formação técnica de qualidade, seja para ingressar no mercado de trabalho ou para seguir estudos superiores. O atual ministro da Educação, Camilo Santana, já manifestou essa intenção.
No Ensino Médio Integrado, persistem desafios como o desconhecimento da modalidade por parte das famílias e a oferta ainda limitada. Já os cursos concomitantes e subsequentes — voltados a quem cursa ou concluiu o Ensino Médio — demandam uma política mais ousada de expansão. Com apoio da iniciativa privada, é possível ofertar cursos ainda não contemplados pelo Estado ou disponíveis em número insuficiente.
Ampliar matrículas, no entanto, não basta. É preciso garantir permanência, programas públicos de financiamento e ações de empregabilidade. As parcerias com o setor privado podem viabilizar mentoria, jovem aprendiz e iniciativas que aproximem os estudantes da realidade profissional.
Ganham todos: estudantes com mais oportunidades, empresas com profissionais qualificados e o Estado, que avança na inclusão social e no desenvolvimento.
A experiência internacional comprova: a educação técnica cresce quando há cooperação. O Brasil tem os ingredientes. Falta alinhá-los com visão estratégica.
Ampliar o Ensino Técnico é uma resposta concreta às desigualdades, ao desemprego juvenil e à baixa produtividade. As PPPs não são apenas bem-vindas — são indispensáveis.
Diretor Geral da Escola Técnica Cristo Redentor e Diretor do Sindicato do Ensino Privado do Rio Grande do Sul (Sinepe/RS)