Cris Lohmann
Em um Estado onde as mulheres são maioria da população e do eleitorado, é inadmissível que continuem sendo uma reduzida minoria nos espaços de decisão. No Rio Grande do Sul, menos de 8% das prefeituras são lideradas por mulheres. Na Assembleia Legislativa, elas não ocupam sequer 15% das cadeiras. Esses números, além de revelarem uma desigualdade estrutural, explicam por que tantas pautas essenciais para a vida das mulheres seguem à margem das prioridades do poder público.
Enquanto isso, a violência de gênero segue como uma ferida aberta em nossa sociedade. Até abril de 2025, 31 mulheres foram assassinadas no estado simplesmente por serem mulheres. Dez delas perderam a vida em um único feriado, a Semana Santa. A dor tem nome e história: Raíssa Müller, 21 anos, foi morta a facadas em Feliz pelo ex-namorado, inconformado com o fim do relacionamento. Casos como esse não são exceção. São reflexo direto de um sistema que ainda normaliza o controle e a brutalidade sobre as mulheres.
A falta de representação política agrava esse cenário. Quando há poucas mulheres nos espaços de poder, há menos vozes propondo políticas públicas voltadas à proteção, à autonomia e à dignidade feminina, e há menos chance de romper com a lógica que tolera o inaceitável. A equidade de gênero na política não é um favor: é uma condição necessária para construir uma sociedade mais justa, segura e democrática.
No MDB Mulher, movimento que presido, carregamos o compromisso de enfrentar essas desigualdades com coragem e responsabilidade Mais do que incentivar candidaturas femininas, é preciso criar o ambiente, a estrutura e o respaldo real para que mulheres liderem com autonomia. E isso começa dentro dos próprios partidos. A política precisa parar de empurrar as mulheres para o rodapé das decisões, e passar a reconhecer nelas o centro da transformação que o país tanto precisa.
É fundamental tratar a participação feminina não como cota, mas como critério de justiça, inteligência institucional e eficiência política. Na prática, onde há mulheres decidindo, há mais chances de haver escuta, empatia, compromisso com o coletivo e soluções concretas. E, sobretudo, há mais chance de salvar vidas, prevenir tragédias e construir políticas públicas que realmente enxerguem as pessoas.
Presidente estadual do MDB Mulher