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Publicada em 09 de Maio de 2025 às 14:00

Empresas humanas acolhem mães. E crescem com elas

Liliane Josua Czarny, sócia e co-CEO da ACG

Liliane Josua Czarny, sócia e co-CEO da ACG

Divulgação/JC
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Liliane Josua Czarny
Liliane Josua Czarny
Estou sempre refletindo sobre o impacto que a maternidade tem na vida das mulheres que trabalham comigo. Como líder e como mãe, sei bem que não é uma equação simples. Ser mãe transforma tudo. As prioridades mudam, o tempo ganha outro valor e a energia que antes parecia inesgotável agora precisa ser dividida com uma nova vida que depende completamente de nós.

Na minha trajetória, convivi com muitas mulheres incríveis, que vivem a beleza e a complexidade de conciliar maternidade e carreira. E, em todas essas histórias, percebo algo em comum: a ansiedade. Ansiedade de não dar conta, de ser julgada, de perder espaço. Ansiedade de não voltar a ser a profissional que era — ou de tentar ser a mesma, mesmo sabendo que tudo mudou.
E muda mesmo! Voltar ao trabalho depois da licença maternidade é um recomeço. A mulher já não é mais a mesma, e muitas vezes, a empresa também não é. Por isso, o retorno precisa ser mais do que técnico — ele precisa ser humano.

Na ACG, temos nos esforçado para acolher esse momento com empatia e estrutura. Estendemos o período de home office após a licença, flexibilizamos o retorno, escutamos de verdade o que cada mãe/profissional precisa falar. Algumas preferem voltar aos poucos, uma vez por semana. Outras precisam de mais tempo em casa. Respeitar esses tempos é fundamental.

Também ampliamos a licença paternidade, oferecemos trabalho remoto para os pais no primeiro mês do bebê. Não dá para falar em igualdade de gênero sem envolver os homens na criação dos filhos desde o início. Enquanto muitos pais ainda são promovidos quando anunciam que terão filhos, muitas mães são, silenciosamente, colocadas de lado. Isso precisa mudar.

Como gestora, meu papel é tirar o peso do “voltar com tudo”. Digo às minhas colaboradoras: calma! Você não precisa provar nada agora. Pega uma entrega mais simples, retoma aos poucos. Seu lugar está aqui. E daqui a pouco você vai perceber o quanto cresceu — como pessoa, como mãe e como profissional.

Porque a verdade é essa: a maternidade não “atrapalha”. Ela transforma! Sim, existe perda em algum momento. É mentira dizer que não. Mas a vida profissional é uma maratona, não uma corrida de cem metros. Com paciência e apoio, toda mulher chega lá. Talvez por outro caminho, mas chega. E chega ainda mais forte.

Se eu tivesse uma filha mulher, o maior conselho que eu daria a ela seria: tenha sua carreira e seu dinheiro. Seja independente. Porque é muito difícil para uma mulher depender de alguém para sobreviver — emocional ou financeiramente. E como empresa, o mínimo que podemos fazer é não atrapalhar essa caminhada. Melhor ainda é ajudar.

Ensino para os meus filhos, a partir do meu exemplo, que uma mulher que trabalha é uma mulher feliz e que eles vão ter que apoiar e, mais do que ajudar, dividir com suas futuras esposas o segundo turno das atividades domésticas e de educação dos filhos, para ter um casamento feliz.

Ainda temos um longo caminho pela frente. Mas acredito que estamos começando a pensar diferente. E cada gesto de escuta, cada política de apoio, cada gesto de acolhimento conta. Porque mães não precisam de julgamento, precisam de empatia. E de espaço para continuar sendo o que quiserem ser.
Sócia e co-CEO da ACG

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