Vicente Rauber
Em maio completamos um ano da ocorrência da maior catástrofe climática do RS e do Brasil. Os eventos climáticos extremos são decorrentes do sobreaquecimento do Planeta. No ano passado já ultrapassamos a média em 1,5ºC, acordada para ocorrer a partir de 2040. Precisamos urgentemente estancar esta situação, reduzindo a emissão de gases de efeito estufa - GEEs.
O aquecimento, porém continua crescendo: já alcançamos o aumento de 1,63ºC. Eventos maiores e mais frequentes poderão ocorrer. Foi exatamente isto que a ANA - Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico - alertou no final de abril, com possibilidade de ocorrência maior no RS.
A redução dos GEEs nos grandes centros urbanos está diretamente relacionada à valorização do saneamento básico, especialmente os lixos e a drenagem e proteção contra cheias, bem como ao aumento da arborização e recuperação dos arroios.
Por sua vez, os veículos à combustão são responsáveis por aproximadamente dois terços da geração dos GEEs. Os veículos elétricos (grande conquista da nossa época) tem a possibilidade de eliminar estas emissões.
O Rio Grande do Sul ainda tem muito a reconstruir e a modificar, mas recompõe-se. Prova disto é o crescimento do Estado em 2024 de 4,9% ante a média nacional de 3,4%. A União, ao destinar R$ 111,6 bilhões à reconstrução do RS, participa deste resultado, mesmo com recursos ainda parcialmente aplicados.
Em relação à drenagem urbana e proteção contra cheias, muito pouco avançamos, aprendemos pouco.
Não temos nenhuma obra nesta área sendo executada em relação aos R$ 6,5 bilhões destinados pela União. Diagnósticos, viagens internacionais e anúncios (muitos descabidos) não faltam.
Porto Alegre, que possui um Sistema de Proteção contra Inundações robusto e suficiente para evento desta magnitude (construído para suportar elevações das águas até 6,0m contra 6,37m ocorridos), não funcionou porque as comportas externas e as vinculadas às Casas de Bombas estavam deterioradas sem a sua manutenção ordinária. A sua reparação está distante de ser concluída. Outras obras inadequadas tem sido realizadas. Tomara que não tenhamos outra inundação grande a seguir.
Engenheiro especialista em Planejamento Energético e ambiental